Volta das aulas nos cursos de graduação depende de decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE)
Reunidos em assembleia na tarde da última quinta-feira (15) no Anfiteatro Cyro Grossi, localizado no Centro de Ciências Biológicas (CCB), professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) decidiram pela suspensão da greve. O posicionamento acompanha a deliberação de outras quatro universidades – Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) – que na última semana já votaram pela retomada das atividades.
Os docentes da UEL paralisaram as aulas em 8 de maio, totalizando 39 dias de greve. A categoria reivindica pagamento das perdas salariais acumuladas nos últimos sete anos. Sem reposição desde 2016, a defasagem enfrentada pelo funcionalismo público paranaense atingiu 42% neste ano. Com isso, os servidores perdem, em média, cinco salários por ano.
No final de março, Ratinho Júnior anunciou reajuste geral de 5,79% para cerca de 271 mil servidores ativos e inativos no estado a partir de agosto. A porcentagem considera a inflação acumulada nos últimos 12 meses. A declaração causou espanto e revolta, já que não foi previamente discutida. Além disso, a taxa informada é sete vezes inferior a atual dívida do Palácio do Iguaçu com os trabalhadores.
Em entrevista ao jornalista Guilherme Bernardi, o presidente do Sindiprol/Aduel, Cesar Bessa, explica que a suspensão do movimento grevista não significa que a mobilização está encerrada. O indicativo de greve permanece e uma nova assembleia pode ser convocada a qualquer momento. Além disso, há um cronograma de mobilização para pressionar o governador Ratinho Júnior (PSD) a apresentar um plano que quite a dívida com os servidores. Acompanhe entrevista na íntegra:
A Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp) negocia alterações nos planos de carreira dos professores e agentes universitários. Após reunião entre o Comando Sindical Docente e a entidade, foi indicado que discussões sobre modificações nas carreiras dos professores só iriam avançar com a suspensão da greve. A expectativa é que, caso o plano seja aprovado nos moldes que foi proposto pela associação, o piso salarial dos professores tenha um reposição da ordem de 14,5%.
Volta às aulas
Em nota, a Reitoria da UEL, informou que a retomada das atividades acadêmicas nos cursos de graduação será discutida na manhã desta segunda-feira (19) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Após reunião da Câmara de Graduação, um novo calendário será publicado. “O objetivo é a retomada das atividades suspensas o mais prontamente possível com a recomposição do calendário acadêmico da graduação do ano letivo 2022”, destaca o documento.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.