Empresário teria tocado em funcionárias e levado uma delas ao motel contra a vontade: ‘era muito intimidador’
Aos 27 anos, a administradora *Larissa se vê sem rumo profissional. A jovem que trabalhou na construtora A.Yoshii Engenharia, sediada em Londrina (PR), entre 2020 e 2023, teve uma saída traumática da empresa em que sonhou crescer profissionalmente: fugiu correndo de um motel no qual foi obrigada a entrar com Leonardo Makoto Yoshii, o CEO da companhia.
Larissa afirma ter sofrido uma série de assédios sexuais do dono da empresa, considerada a 15ª maior do Brasil pelo ranking das 100 maiores construtoras do Brasil, divulgado pela plataforma Intec, em março deste ano. Segundo a ex-funcionária, Leonardo a teria levado contra a sua vontade para um motel chamado Private, localizado na cidade de Cambé, região metropolitana de Londrina, em 23 de março.
Além disso, o CEO a teria tocado diversas vezes dentro da empresa. Assim como Larissa, *Maria também relatou ao Brasil de Fato situações de assédio sexual e moral sofridas no período em que trabalhou no local, entre 2018 e 2019.
As acusações feitas por Larissa levaram Leonardo Yoshii a ser indiciado por assédio sexual. O inquérito policial foi instaurado na Delegacia da Mulher de Londrina em 17 de abril, após a abertura do boletim de ocorrência no mesmo dia em que Larissa foi forçada a entrar no motel. O relatório foi assinado pelo delegado da polícia civil Jayme José de Souza Filho.
De acordo com Larissa, os assédios começaram quando ela foi transferida do setor de suprimentos de compras da empresa para o Instituto A.Yoshii em 2022, onde passou a ter mais contato com a diretoria da empresa e com o próprio empresário. “Eu demonstrei interesse pelo Instituto, pensei que ali dentro eu cresceria mais rápido, visto que o contato com diretoria e presidência é maior”, contou.
No novo setor, a fama de “mulherengo” de Leonardo preocupava Larissa, que recebia comentários de que o CEO era perigoso. “As pessoas começaram a vir falar para mim tomar cuidado ao ficar sozinha com ele: ‘o Leonardo é mulherengo, ele eventualmente passa dos limites’, diziam. Nos momentos em que eu ficava mais a sós com ele eu sempre ficava muito tensa, era muito intimidador.”
Somado a isso, o cargo do empresário também inibia ainda mais a administradora. “Ele é o CEO da empresa, o único herdeiro. Ele não tem controle emocional algum e desconta em quem lida diretamente com ele. Todos, incluindo diretores, são receosos em sua presença”, relata.
Toques e intimidação
Ao longo do ano de 2022, tiveram momentos constrangedores em que ele tecia elogios aos aspectos físicos da ex-funcionária, até um dia em que ele chegou a segui-la no Instagram, onde viu que Larissa pratica Pole Sport. “Foi totalmente desconfortável. A gente não quer dar abertura e, ao mesmo tempo, você não pode agir como agiria com uma pessoa qualquer e cortar completamente. Ele é o dono da empresa, simplesmente.”
Antes do dia 23 de março, foram três situações em que Leonardo a tocou sem motivo nenhum. Em fevereiro deste ano, Leonardo acariciou o braço da funcionária quando o empresário queria se desfazer de alguns móveis da sala dele, situação em que, segundo ela, Leonardo teria se aproveitado do fato de os dois estarem sozinhos em uma sala mais isolada do Instituto.
Também no início deste ano, o CEO da empresa voltou a tocar na funcionária quando pediu para checar um trabalho no computador dela. “Eu coloquei o notebook em cima da mesa, para anotar o que fosse falado. Ele quis se sentar ao meu lado, quando eu poderia virar a tela do notebook e mostrar a ele o que estava na tela. Então novamente ele acariciou meu ombro e braço e se sentou. A menina que trabalhava comigo presenciou.”
Já um dia antes do acontecimento que culminou com o indiciamento do empresário, Larissa foi novamente tocada e intimidada. A situação ocorreu quando Leonardo pediu para que ela fosse à sua sala para mostrar uma lista de parceiros de fornecedoras que iriam receber um relatório da empresa, o mesmo que ela havia mostrado no dia anterior. O CEO da empresa deveria informar quem deveria receber o material, segundo Larissa. “E aí eu coloquei o notebook em cima da mesa, logo que eu coloquei eu ia virar a tela do notebook para ele olhar comigo. Ele resolveu sentar do meu lado e novamente passou a mão no meu ombro e sentou.”
Ainda de acordo com a administradora, Leonardo criticou o fato de a lista não estar concluída. “Ele começou a implicar com a lista, como eu ainda estava coletando as informações, ela não estava nem perto de estar pronta. Ele deu um jeito de achar ruim mesmo eu dizendo que estava coletando as informações e chamou o meu diretor para reclamar.”
Fuga de motel
Na manhã do dia seguinte o CEO ligou para a funcionária e comunicou que estaria passando no escritório da empresa para buscá-la para conversar. Quando chegou no Instituto, parou o carro fora do alcance das câmeras de segurança, segundo ela. Ao entrar no veículo, Leonardo tirou o celular de Larissa de seu colo. “Quando eu abri a porta do carro, vi o relatório social na porta. Peguei o relatório e o meu celular estava no meu colo em cima do livro. Ele tirou o celular e botou no console do carro.”
Imaginando que pudessem ir em algum local ligado ao terceiro setor do Instituto, ou mesmo alguma obra da construtora, Larissa foi surpreendida diversas vezes com perguntas íntimas durante o trajeto que daria no motel. Segundo ela, o CEO alegou que gostaria de ver uma apresentação de pole dance da funcionária. “Eu falei que eu não participo de competição. E aí ele continuou andando na região entre Londrina e Cambé, na rodovia. Eu não consegui perguntar para ele onde a gente estava indo, eu sempre ficava meio travada na presença dele.”
Durante a viagem Larissa tentava puxar assuntos profissionais, mas o empresário sempre voltava ao assunto do pole dance, de acordo com a administradora. “E aí ele virou na rua que tem um motel, já na esquina da rua, ele falou assim: ‘será que nesse motel não tem um pole dance para você se apresentar para mim?'”, contou.
Larissa relata ter dito por diversas vezes que não entraria no motel. Mesmo assim, o empresário entrou no estabelecimento e pediu um quarto. “Quando ele estava parado na cabine pedindo pra entrar eu falei: ‘Léo, eu não vou entrar’. E ele disse algo como que era só para conhecer. Eu falei mais uma vez: ‘Leo, eu não vou entrar’.”
Já extremamente abalada com o que acontecia, Larissa lembra que pensava em como pegar o celular e sair do carro, sem que ele a puxasse para dentro. “A única coisa que conseguia sair na minha boca, era isso: ‘Léo, eu não vou entrar’. Eu estava desacreditada que aquilo estava acontecendo.”
Na sequência, o empresário estacionou na garagem de um quarto e saiu do carro, momento em que a funcionária pegou seu celular e se deparou com o portão ainda aberto e saiu andando rapidamente. “Eu já fui saindo da garagenzinha, olhei mais uma vez para me certificar que ele estava lá dentro, saí e ele ficou lá dentro.”
No momento de desespero, Larissa se refugiou na portaria do motel e informou a atendente do estabelecimento que havia entrado forçada no local. “Quando eu escutei o barulho da caminhonete dele vindo aí eu me desesperei, fiquei assim em pânico tentando sair de lá logo.” Com isso, a administradora saiu ouvindo gritos do CEO que a chamava. “E aí eu fui para fora do motel.”
O empresário teria tentado sair, mas foi impedido por uma funcionária do estabelecimento. “No depoimento, ela disse que deu uma segurada nele, porque ela viu que o cartão do quarto não foi nem colocado para acender a luz, ela percebeu a situação que poderia estar acontecendo.”
Já do lado de fora, Larissa começou a ligar para familiares e se escondeu na sede administrativa do motel. “Eu chorava tanto que não conseguia falar no telefone com minha mãe. Minutos depois consegui falar com meu pai, então ele foi até lá me buscar, acompanhado de minha irmã.”
Em seguida, Larissa foi com a família até a delegacia da mulher de Londrina, onde registrou o boletim de ocorrência. Além disso, a jovem também foi até a delegacia da cidade de Cambé, onde se localiza o motel, para garantir o acesso às imagens do estabelecimento. “No dia seguinte eu já estava com as imagens.”
“Robustos indícios”
Durante o inquérito, a polícia civil ouviu testemunhas, incluindo funcionários do motel, e juntou imagens de câmeras de segurança do estabelecimento.
No relatório de inquérito policial, assinado pelo delegado Jayme José de Souza Filho, ao qual o Brasil de Fato teve acesso, consta que “o relato da vítima encontra consonância com as oitivas das primeiras pessoas que com ela mantiveram contato ainda no local dos fatos”.
O documento do dia 18 de abril também aponta que os depoimentos de Larissa e das testemunhas estão de acordo com o “registro das imagens captadas pelo sistema de monitoramento eletrônico onde demonstra a exteriorização de seu comportamento.”
Neste sentido, o delegado entendeu que ficaram demonstrados “robustos indícios de autoria e materialidade com relação ao delito de assédio sexual” e acrescentou ainda que o CEO da construtora constrangeu a vítima com intenção de obter “vantagem ou favorecimento sexual” valendo-se da sua condição de superior hierárquico.
Já em relação ao crime de importunação sexual, a polícia afirma no relatório não ter encontrado indícios, uma vez que “a prática de ‘ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia’ previsto neste tipo penal, não restou configurada”.
O advogado de Larissa, Norman Prochet Neto, explica que o crime de assédio sexual tem pena mais branda, de no máximo dois anos de prisão, além de admitir a transação penal, isto é, quando o Ministério Público é obrigado a oferecer um acordo ao indiciado antes de acusá-lo. “Ele paga uma cesta básica, vai em um curso e o processo nem é instaurado”, explica Neto.
“Pode não ser estupro, pode não ser importunação, mas ser só assédio não dá para admitir. Há um vácuo legislativo importante. Deveria haver alguma tipificação penal para situações como essa, que não são consideradas importunação sexual, mas que também não podem ser consideradas como um simples assédio. Talvez, ao invés de se criar uma nova modalidade de crime, uma saída seria criar qualificadoras para o crime de assédio sexual com o objetivo de alcançar situações como essa”, entende o advogado.
Independentemente do que acontecer no processo criminal, o advogado diz que Larissa buscará uma reparação civil pelo ocorrido, uma vez que a empresa também não quis demiti-la e pagar por seus direitos voluntariamente. “Depois de tudo que aconteceu, a empresa não teve a sensibilidade de mandá-la embora. Para conseguir receber as verbas rescisórias ela precisou entrar com uma ação de rescisão indireta do contrato de trabalho.”
Difamação pública
Depois de alguns dias, o jornalista local Carlos Camargo teve acesso ao boletim de ocorrência e leu o documento no Programa Carlos Camargo 2ª edição, transmitido pela TV2C, expondo Larissa. “Eu fiquei totalmente exposta, o que eu não queria era que isso acontecesse. Minha foto começou a circular no WhatsApp, histórias começaram a ser criadas, as pessoas inventam muita coisa”, lamenta.
Sair em público e se recolocar no mercado de trabalho tornaram-se novos desafios para Larissa, que vive abalada após o episódio. “Mexeu com a minha família. A gente não conseguiu voltar para nossa rotina até agora, direto dá uma recaída, uma tristeza. Não sei como vai ser a minha recolocação no mercado de trabalho, não sei se eu quero trabalhar onde eu vou ter chefes homens.”
Apesar da difamação pública, Larissa não quis desistir do processo, movida pelo desejo de que abusos como os sofridos por ela não se repitam com outras funcionárias da corporação. “Eu não posso deixar isso sem um fim. Penso principalmente nas mulheres que já sofreram isso e nas mulheres que podem sofrer lá dentro da Yoshii. Quando ele vinha, ele me tocava, e não tinha uma vez que eu não ficava assim constrangida, que eu não ficava incomodada, que eu não ficava pensando ‘o que que esse cara tá fazendo’.”
Racismo e assédio
Racismo e assédio sexual estão entre as violências vividas na A.Yoshii Engenharia por Maria, hoje com 30 anos, que trabalhou na construtora entre 2016 e 2018. A jovem afirma que era recepcionista na empresa quando, cerca de seis meses após a sua entrada, teria começado a trabalhar também como secretária direta do CEO da companhia. “Meu salário não mudou, minha carteira não mudou, continuou tudo a mesma coisa.”
Como precisava ajudar no sustento da casa em que morava com a mãe e a irmã mais nova, suportou as situações sem contar para ninguém. “Eu não contava porque era só eu e minha mãe trabalhando e tinha que entrar dinheiro dentro de casa. A gente passava por situações muito precárias. A palavra de uma mulher contra a de um homem já não vale nada, agora a palavra de uma mulher preta e pobre, vale menos ainda”, desabafou.
De acordo com Maria, a cultura implementada por Leonardo Yoshii na empresa é totalmente racista e machista. “Depois de algum tempo lá dentro percebi que, no escritório da Maringá, eu era a única mulher negra no lugar. Nem as pessoas da limpeza que geralmente estão em posições operacionais tinham a minha cor de pele e eu sofri muitos ataques racistas lá dentro, principalmente de uma psicóloga do RH.”
O uniforme utilizado pelas recepcionistas evidenciava o corpo, e elas também eram pressionadas a sempre andar de salto alto, diz Maria. “Quando eu não usava salto alto eu era chamada a atenção.”
Ela relata que, em uma das situações em que foi tocada por Leonardo, o empresário sentou na recepção ao seu lado e a encurralou contra a parede, quando a empresa estava para ser fechada. “Ele sentou na cadeira que a outra funcionária sentava e perguntou o que eu estava fazendo e começou a conversar e chegou muito perto. Parecia que ele ia me beijar, como eu ficava na cadeira da parede fiquei sem ter para onde correr”, conta.
O empresário passou a encostar a própria perna na da recepcionista. “Eu fechava e comecei a tremer. Aí ele colocou a mão na minha perna, eu puxei a perna aí ele deu uma risadinha e bem nessa hora que ele tava já quase me encurralando na parede, alguém bateu na porta da recepção.”
Para se livrar daquela situação, mesmo com as atividades encerradas na empresa, Maria apertou o botão para que a porta da recepção fosse aberta pelo homem que estava do lado de fora. “Eu sou de religião de matriz africana e naquele momento foi a minha pomba gira que me livrou, porque onde eu iria imaginar que um indiano estaria em Londrina falando em inglês e ia bater naquele momento dentro da Yoshii para pedir informação de rua.”
Depois que a recepcionista deu as informações ao homem, recebeu broncas do CEO da empresa. “O Leonardo ficou furioso e falou: ‘você não pode abrir a porta para desconhecido. Você viu a aparência desse cara’. Essa foi a primeira situação que eu fiquei muito apavorada com ele.”
Em outra situação, o empresário perguntou à recepcionista se ela o levaria para a sua cama. A insinuação ocorreu depois que a funcionária mostrou uma foto de seu cachorro em sua cama. “Mostrei a cara do cachorro com carinha de dó, eu falei assim: ‘olha a carinha de dó dele querendo subir na cama’, e aí ele falou: ‘se eu fizer carinho de dó você também me leva para sua cama?’ Aí eu peguei meu celular, levantei e saí da sala.”
Maria também contou que foi tocada pelo empresário quando foi fazer café para o CEO em seu escritório, quando se reunia com um ex-governador do Paraná, em 2018. “O Leonardo passou a mão na minha cintura, o outro colocou a mão no meu ombro e foi descendo. Eu lembro da sensação, dos cheiros de perfumes amadeirados e secos bem fortes, os dois bem mais altos que eu ao meu lado. A lembrança vem assim.”
O trauma foi tão grande que Maria não se lembra como saiu daquela situação. Conta ela que a todo momento pensava que seria vitima de um estupro. “Eu acho que eu servi café para eles e fui dando risadinhas, que era muito do jeito que eu saia dessas situações. Eu ia dando risadinha e saindo assim da situação com uma simpatia para não deixá-los nervosos. Para não acontecer algo ainda pior.”
No mesmo evento, foi oferecido a Maria cerca de R$ 5 mil para passar a noite com o político, o que foi negado com veemência pela ex-funcionária. “Eu falei assim: ‘não tem nada a ver comigo. Eu não faço essas coisas’.”
Além dos assédios constantes de Yoshii, Maria se recorda dos episódios de racismo que sofreu na empresa por outros funcionários. Além de ser chamada de “globeleza” recorrentemente, foi criticada por ter decidido manter o cabelo cacheado. “Eu não gosto desse cabelo preto duro de macaco”, teria dito uma das profissionais da construtora a ela.
Diante disso tudo, conviver com a ansiedade fazia parte da rotina de Maria. “Eu estava ansiosa, às vezes do nada eu chorava, eu lembro de viver muito cansada mentalmente, dessa situação de humilhação constante.”
O medo de ficar sozinha com o CEO da empresa agravava ainda mais os receios da recepcionista. “Eu ficava pensando em dar um jeito de não ficar sozinha com ele.”
Maria recebia uma bolsa parcial da empresa para cursar a graduação de marketing, o que também fazia com que ela permanecesse no trabalho. Apesar disso, a situação financeira era o fator central para não pedir demissão. “Eu não podia me sentir mal. Eu tinha que trabalhar.”
Versão oposta
Segundo o relatório do inquérito policial, Leonardo Yoshii afirmou em depoimento que convidou a funcionária Larissa para visitar alguns empreendimentos e que a mesma teria iniciado a conversa sobre sua prática de “pole dance”. De acordo com ele, a própria administradora teria iniciado a conversa sobre o tema e sugerido fazer uma apresentação para o CEO. A parada no motel teria sido consentida pela jovem, sendo ele surpreendido pela fuga da mesma. A proposta, segundo Yoshii, já havia sido feita em outra ocasião.
Em novembro de 2020, o CEO da A.Yoshii concedeu uma entrevista para o portal Gazeta de Notícias, que classificou o empresário como um “exemplo de vitalidade e solidez”. À frente da empresa que opera desde 2016, Leonardo garantiu que a solidez da companhia se deve a uma “gestão de alto desempenho”.
“A empresa tem bastante solidez, nosso time trabalha com criatividade, senso ético e compliance, e a competência de uma equipe unida que gera os nossos resultados”, relatou o empresário que ganhou uma honraria do ex-governador do Paraná, Beto Richa, em 2018: a Comenda da Ordem do Pinheiro do Paraná.
No ramo da construção civil, a empresa tem em torno de 3 mil funcionários, com unidades em Londrina, Maringá, Curitiba e Campinas, e constrói não só prédios residenciais, mas industriais. Em 2022, a A.Yoshii esteve entre as 10 melhores empresas para se trabalhar do Paraná, segundo a revista Você S/A.
A reportagem tentou contato via ligação e mensagem por WhatsApp com Leonardo Yoshii e com o escritório de seu advogado, Walter Bittar. Nenhum dos dois respondeu aos questionamentos enviados até a publicação da reportagem.
“A gente não vai aguentar mais, a gente vai reagir”
Embora pouco publicizados, os relatos de violência sexual no trabalho vêm crescendo no Brasil. Dados do Ministério Público do Trabalho apontam que esses casos mais que dobraram no país entre março de 2022 e março de 2023, subindo de 168 para 340.
Já as queixas de assédio moral aumentaram 74% – isto é, quando o trabalhador é submetido a tratamento humilhante ou constrangedor de forma repetitiva.
No olhar de Maria, a recorrência de casos de assédio na A.Yoshii Engenharia devem ser publicizados, a fim de que episódios como os narrados pelas ex-funcionárias não se repitam. “A justiça tarda, mas não falha. E se ele não perder o processo judicial, que ele perca muito dinheiro.”
“A gente não vai aguentar mais, a gente vai reagir. Que quando ele passe nos lugares as pessoas estejam olhando e que ele fique com vergonha e com medo. Que a prisão seja na mente dele e não só no corpo”, concluiu Maria.
Procurada, a Polícia Civil do Paraná disse que concluiu o inquérito policial e o encaminhou à Justiça. A corporação também informou que o caso está sob tramitação sigilosa. Por esse motivo, detalhes não serão fornecidos.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Cambé, informou que o processo foi instruído a partir de inquérito policial que concluiu que teria ocorrido assédio sexual. Com isso, os autos foram remetidos ao Juizado Especial Criminal da comarca (por conta da pena referente ao ilícito). O MP-PR deliberou para que seja solicitada audiência preliminar entre as partes para o encaminhamento do processo, que tramita sob sigilo. O MP não quis se pronunciar sobre os toques citados por Larissa.
* Por opção das entrevistadas, os nomes utilizados na reportagem são fictícios, a fim de preservá- las de possíveis represálias.
Fonte: Brasil de Fato