Números divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública reforçam que a questão da violência no ambiente escolar não pode ser vista apenas sob a ótica policial
Dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na manhã desta quinta-feira (20) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostram que a percepção de violência por professores(as) e diretores(as) registra níveis alarmantes. No Paraná, o percentual de escolas com registros de bullying, ameaças ou ofensas verbais em 2021 foi de 47,3%. O índice ficou 10% acima da média nacional.
Os dados foram extraídos de um questionário respondido pelos(as) diretores(as) dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio para a Prova Brasil 2021, avaliação aplicada pelo Ministério da Educação. O estudo do Fórum ressalta a complexidade do problema e faz um alerta sobre os impactos da violência nas trajetórias pessoais e profissionais de milhares de estudantes, professores(as) e funcionários(as).
De acordo com os responsáveis pela divulgação, pesquisas apontam a maior probabilidade das vítimas de bullying desenvolverem problemas de saúde duradouros, como transtornos internalizantes (medo, retraimento, tristeza, queixas somáticas), autoagressão, avaliação negativa da própria saúde e uso de tabaco. Já os(as) agressores(as), estão mais propensos(as) a desenvolverem alcoolismo
O levantamento também revela informações sobre a existência de projetos para o enfrentamento de várias formas de violência e discriminação. Comparado com o total de estabelecimentos de ensino do país, os índices das escolas do Paraná ficaram abaixo da média em cinco dos seis temas pesquisados. As ações de prevenção e enfrentamento ao bullying, por exemplo, foram apontadas por 68,6% dos(as) diretores(as), ante 70,1% da média nacional.
Para os pesquisadores, os dados reforçam que a questão da segurança no ambiente escolar não pode ser vista apenas sob a ótica policial. “Esse é um problema que agrava os riscos de ataques violentos às escolas e que não está exatamente correlacionado à incidência de outras violências nos territórios do entorno das instituições escolares, mas à exposição prolongada a processos violentos em âmbito familiar (negligência e autoritarismo parental) e conteúdo disseminado em redes sociais”.
Ataques
Outra questão abordada na publicação são os recentes ataques ou tentativas de ataques violentos às escolas. Segundo o Anuário, foram consumadas ao menos 23 ocorrências dessa natureza no país entre 2002 e 2023, o que requer urgência na formulação de políticas públicas de prevenção desse fenômeno social.
O caso mais recente aconteceu há um mês, no Colégio Estadual Helena Kolody, localizado no município de Cambé, interior do estado. Um ex-aluno, incentivado por ideologias extremistas disseminadas por pessoas que ele conheceu na internet, matou dois estudantes após acessar o estabelecimento para solicitar uma cópia do histórico escolar. Em depoimento à polícia, o assassino alegou que teria sofrido bullying na época que frequentava a escola.
“Motivados sobretudo por discursos de ódio, bullying, racismo, misoginia, intolerância étnica ou religiosa, tais ataques exigem uma resposta pública que compreenda e considere a complexidade do fenômeno, induzindo a pesquisa e análise de informações disponíveis que auxiliem na identificação das demandas prioritárias para o enfrentamento do problema”, aponta o estudo.
Fonte: APP-Sindicato