O grande Darcy Ribeiro, cujo centenário comemoramos este ano, já dizia: “A CRISE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL NÃO É UMA CRISE; É UM PROJETO”. E o projeto de desmonte da educação e da ciência no Brasil e no Paraná a cada dia se torna mais claro.
Recentemente, o presidente Bolsonaro determinou o corte de R$ 1,6 bilhão do Ministério da Educação. O MEC decidiu repassar esse percentual, de 7,2%, de forma linear a todas as unidades e órgãos vinculados ao ministério – ou seja, bloquear 7,2% de cada universidade, instituto ou entidade ligada ao MEC. Já para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a previsão é de que o corte seja de R$ 1,8 bilhão, sendo que parte desses recursos, segundo a SBPC, é verba carimbada e deveria ser usada exclusivamente para a pesquisa científica e tecnológica do país.
Num momento em que o estado, o país e o mundo tentam se reorganizar após uma pandemia, que além de ceifar mais de 6 milhões de vidas, desestabilizou a economia local, nacional e global, o Brasil desqualifica duas das áreas que, juntamente com a saúde, mais contribuíram para que pudéssemos controlar a Covid-19.
É nesse cenário que a UFPR, com todo o esforço e dedicação, tenta manter os estudos e testes para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid. Uma vacina 100% nacional e com baixo custo de produção. Os experimentos começaram em 2020 e os resultados mostraram que a vacina produz anticorpos protetores em laboratórios. Agora eles vão analisar a eficácia destes anticorpos na proteção contra a doença em animais. E, na sequência, em humanos, que deve acontecer depois da autorização da Anvisa.
Mas há quem ache que o processo de desenvolvimento da vacina é lento ou que não passa de um “golpe de marketing”. Para quem pensa assim, é preciso esclarecer que esse ritmo é determinado justamente pelos recursos aplicados no projeto. Não existe ciência sem investimento. A produção de uma vacina exige protocolos. Desmerecer a produção acadêmica e científica é um desserviço para toda a população. O desmonte da educação e a desqualificação da ciência é parte deste projeto que querem implantar no Paraná e no Brasil.
Por isso, quero mais uma vez expressar todo o nosso apoio à educação e à ciência e reconhecer o empenho do reitor da UFPR, professor Ricardo Marcelo Fonseca, que não tem medido esforços para que essa vacina se torne uma realidade, bem como toda equipe de pesquisadores. E, parafraseando novamente Darcy Ribeiro, “urge preveni-los do muito que se poderia fazer, com apoio no saber científico, e do descalabro e pequenez do que se está fazendo”.