Petista teve discurso interrompido bruscamente e presidente chegou a ameaçar retirá-lo do plenário
O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD), usou todos os instrumentos que tinha à disposição nesta segunda-feira para tentar impedir o deputado estadual Renato Freitas (PT) de continuar falando da tribuna. Depois de cortar o microfone da tribuna, cortou o som de outros microfones que o petista tentou usar. Quando Renato insistiu em continuar, ameaçou com processo no Conselho de Ética, cassação por quebra de decoro parlamentar, e chegou a pedir à bancada do PT que retirasse o deputado do plenário.
A história começou quando Renato Freitas subiu à tribuna e, com seu discurso, irritou os membros de uma igreja evangélica que estavam na Assembleia protestando contra o aborto. As pessoas nas galerias passaram a vaiar e gritar, e Traiano interrompeu o orador para pedir respeito de quem estava assistindo à sessão – até aí, tudo conforme o protocolo. No entanto, quando Renato foi retomar a palavra, os dois discordaram sobre o tempo a que ele tinha direito depois da interrupção e o clima se deteriorou rapidamente.
Renato acusou Traiano de estar tirando tempo que lhe era devido. O presidente negou, e depois de algum tempo de discussão, mandou que lhe cortassem o microfone. O gesto foi tão inusitado que Requião Filho (PT) teve de perguntar de onde Traiano tinha tirado a ideia de que podia interromper um orador. (Traiano citou mais tarde o artigo errado. É o 29, inciso VIII. Mas nos últimos 20 anos, pelo menos, ninguém tinha usado nada parecido nem tão brusco.)
O deputado do PT continuou falando com o mircofone cortado, visivelmente irritado. Traiano resolveu dar sequência à sessão como se não houvesse um caso absolutamente fora do padrão acontecendo, e Renato, por sua vez, andava pelo plenário procurando microfones abertos de onde pudesse falar mais algumas palavras. Enquanto isso, deputados da direita ficavam incitando Traiano a ir em frente, lembrando que Renato havia falado em hipocrisia (na verdade contra as pessoas das galerias, e não contra os deputados).
Subindo ainda mais a tensão, Renato começou a chamar Traiano de corrupto. Mais uma vez, os deputados que sempre se opõem ao petista disseram que viam aí motivo de quebra de decoro. Traiano, sarcástico, chegou a agradecer, dizendo que era disso que precisava para instruir o processo que levaria à cassação de Renato.
Fonte: Jornal Plural