Governo Ratinho Jr. faz consulta para militarizar mais 127 colégios. Veja a lista

Consulta à comunidade escolar vai ser realizada nos dias 28 e 29 de outubro. Colégios centrais de Curitiba, como o Lysimaco, estão na lista

O governo do Paraná publicou uma lista de 127 colégios que poderão ser militarizados já em 2024. As escolas passarão por consulta pública ainda neste mês e, caso a votação demonstre interesse da comunidade escolar, policiais militares aposentados assumirão a gestão das unidades.

A nova onda de militarização faz parte do plano do governador Ratinho Jr. (PSD) de chegar a 400 colégios militarizados no Paraná. Hoje há 194 colégios estaduais comandados por policiais. A ampliação do programa vai na contramão do que o governo federal vem indicando, e parece ser um plano político do governador Ratinho para herdar o público eleitor de Bolsonaro numa possível disputa presidencial em 2026.

Além dos colégios que serão militarizados no ano que vem, o Paraná também assumirá 12 escolas que faziam parte do programa federal de colégios cívico-militares, iniciado no governo Jair Bolsonaro (PL). Neste ano, o governo Lula (PT) anunciou que não tem interesse em manter o programa – mas Ratinho afirmou que vai acolher as escolas, ainda no modelo militarizado, no programa estadual.

A lista de colégios que passarão por consulta pública inclui 27 escolas de Curitiba e abrange núcleos de todo o Paraná (veja a lista publicada em Diário Oficial abaixo). E ao contrário do que aconteceu na primeira onda, que incluiu preferencialmente escolas de periferia e com baixo rendimento escolar, agora escolas centrais e de ponta, como o Lysimaco da Costa, no Água Verde, e o Xavier da Silva, no Centro, foram incluídas no processo.

Consulta

De acordo com a regulamentação publicada pelo governo do Paraná nesta semana, a consulta à comunidade escolar será realizada nos dias 28 e 29 de novembro. Antes disso, de acordo com as regras, o governo terá de anunciar a votação para a comunidade. Na onda anterior, o quórum foi baixo e o governo precisou forçar a mão, inclusive indo buscar pessoas em casa, para garantir a militarização.

Caso seja necessário, o governo Ratinho prevê um terceiro dia de votação nas escolas em 30 de novembro. O resultado da votação será anunciado em dezembro e as escolas em que a militarização for aceita devem passar pela transformação já durante as férias, para iniciarem o ano letivo sob o comando de ex-policiais.

APP promete resistência

O sindicato que representa os professores e funcionários da rede estadual de ensino do Paraná, a APP-Sindicato, promete enfrentamento à nova onda de militarização dos colégios. Para o sindicato, “colégios não são quartéis”, e o programa não faz sentido e não apresenta bons resultados, ao contrário do que afirma o governo estadual.

A APP classifica o programa como um “cabide de empregos” para ex-policiais militares. “Militares aposentados(as) vivem de pensões maiores do que a aposentadoria dos(as) educadores(as) e, na escola cívico-militar, recebem uma gratificação de R$ 5,5 mil para organizar filas e fiscalizar o corte de cabelo de estudantes”, diz um texto publicado nesta semana pela APP.

Neste ano, para dar conta dos possíveis novos colégios cívico-militares, a Secretaria de Estado da Educação fez um edital e aprovou nomes de mais de 600 militares inativos para assumirem funções nas escolas.

Um dos problemas apontados pelo sindicato nas escolas militarizadas são os casos de assédio e violência praticados pelos militares. Em Francisco Beltrão, um ex-policial chegou a ser preso por assediar alunas dentro do colégio.

Veja a lista dos colégios que passarão por consulta pública

Fonte: Jornal Plural