Expectativa é solicitar ao poder Executivo local mediação do diálogo com governo estadual
Na manhã desta segunda-feira (3), professores e funcionários da rede estadual do Paraná realizaram manifestação na Prefeitura de Londrina. Os educadores, majoritariamente, de Londrina e cidades da região rechaçam a terceirização de escolas públicas, proposta pelo governador Ratinho Júnior (PSD).
O projeto denominado “Parceiro da Escola”, permite que empresas particulares assumam a gestão de serviços de limpeza, segurança, merenda, contratação de profissionais.
Os deputados aprovaram, em primeiro turno, na noite desta segunda-feira (3), o projeto enviado pelo poder Executivo em regime de urgência. Foram 39 votos favoráveis e 12 contrários. A votação ocorreu de maneira remota após a sessão ser suspensa pelo presidente da casa, Ademar Traiano (PSD).
A reunião não chegou a iniciar, pois manifestantes concentrados no Centro Cívico desde o período da manhã, ocuparam as galerias ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) reivindicando que a medida fosse retirada de pauta.
Como resposta a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para tentar impedir o acesso do grupo ao plenário (saiba mais aqui).
Nesta terça-feira (4), os deputados aprovaram em segundo turno, por 38 votos a favor e 13 contra, o projeto que terceiriza a gestão em 204 colégios estaduais, pouco mais de 10% da rede estadual de ensino.
Poliana Santos, secretaria no Colégio Estadual Maria José Balzanelo Aguilera, explica que a mobilização na Prefeitura, além de um fato político, já que os educadores ocuparam o espaço público, o “Centro Cívico de Londrina”, também teve a finalidade de sensibilizar o prefeito Marcelo Belinati (PP) para apoiar a luta do trabalhadores da educação.
A liderança acrescenta que, apesar de se tratar de uma regulamentação em âmbito estadual, a expectativa é que o mandatário do poder Executivo local possa mediar o diálogo com o Palácio do Iguaçu para que a categoria, estudantes e responsáveis sejam ouvidos sobre o programa.
“Sabemos que estamos tratando da educação estadual, mas reflete diretamente nos municípios, nas escolas de cada cidade. Falar que é serão 200 escolas é uma mentira, nós sabemos que atinge o estado como um todo e nossa intenção foi levar essa carta para que ele [Marcelo Belinati] como prefeito leve até o governador, solicitando que retire esse projeto de votação e possa ouvir aqueles diretamente envolvidos que são os educadores, estudantes e famílias”, diz.
Bruno Garcia, representante da diretoria de Saúde e Previdência da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) Núcleo Londrina, pontua que a atividade compõe a agenda de mobilização da greve e também foi realizada em outros municípios.
“O encontro com o prefeito foi uma ação conjunta, em todo Paraná, principalmente, nas maiores prefeituras, pedindo para que os prefeitos possam interceder junto ao governo para que ele possa retirar este projeto”, assinala.
Este não é o primeiro aceno aos poderes públicos locais, na última terça-feira (28) representantes da APP-Sindicato Núcleo Londrina participaram de sessão na Câmara Municipal para debater os impactos do projeto. Entre os encaminhamentos, foi aprovado, com 14 votos favoráveis, requerimento a ser encaminhado à ALEP para que o projeto de privatização das escolas públicas do Paraná não seja votado em regime de urgência (relembre aqui).
Em Londrina e região, levantamento da APP-Sindicato, estima que aproximadamente 70% dos educadores aderiram à paralisação que segue por tempo indeterminado.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.