Há quatro meses do Enem ser realizado, Danilo Dupas Ribeiro, presidente do órgão que organiza o exame, pede demissão. Carlos Eduardo Moreno Sampaio assume o órgão interinamente
As confusões envolvendo a administração do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), continuam na gestão do governo de Jair Bolsonaro. Depois de receber muitas críticas dos servidores do órgão – 30 chegaram a se demitir no ano passado, alegando fragilidade técnica e administrativa da gestão de Danilo Dupas Ribeiro, o presidente do Inep pediu para sair. O anúncio da demissão foi feito nesta quarta-feira (28), por rede social do ministro da Educação, Victor Godoy.
Esta é a quinta vez que o órgão Inep trocará de presidente desde o início do governo atual em 2019. No lugar de Dupas Ribeiro, que ficará no cargo até fim deste mês, assumirá interinamente, a partir de 1º de agosto, o servidor de carreira e atual diretor de estatística do Inep, Carlos Eduardo Moreno Sampaio. Segundo ele, a mudança na mais alta direção do órgão não vai atrapalhar a execução do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para os dias de 13 e 20 de novembro deste ano.
Os presidentes anteriores do Inep, nomeados pelo atual governo, e que saíram foram Alexandre Lopes, Marcus Vinícius Rodrigues e Elmer Vicenzi. Já Maria Inês Fini, que ocupava o cargo desde o governo de Michel Temer (MDB-SP), foi exonerada logo no início da gestão de Bolsonaro em janeiro de 2019.
Gestão criticada
Além das críticas à gestão de Dupas Ribeiro, os servidores denunciaram assédio moral contra eles e movimentações para interferir ideologicamente no conteúdo do Enem, que avalia o desempenho do estudante ao fim da escolaridade básica, e cuja nota pode ser utilizada pelos alunos para uma bolsa integral ou parcial do Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), bem como conseguir o Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo denúncias feitas pela imprensa, o Ministério da Educação (MEC), durante a gestão do pastor Milton Ribeiro, que também pediu demissão em 28 de março deste ano, chegou a preparar uma portaria para criar uma comissão permanente para revisão ideológica da prova, a fim de busca barrar “questões subjetivas” e que atentem “valores morais”.
Dupas Ribeiro antes de ser presidente do INEP ocupou um cargo na secretaria do MEC e esteve envolvido em um movimento de Milton Ribeiro para atuar em benefício de uma instituição privada e presbiteriana que teria fraudado uma avaliação federal. O ex-ministro chegou a ser preso em 22 de junho, juntamente com outros pastores acusados de fazer parte de um esquema de liberação de verbas do MEC. Ele foi liberado da prisão pela Justiça Federal no dia seguinte a sua detenção.
Fonte: Redação CUT