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A mídia corporativa não quer que o Brasil dê certo

O vínculo da mídia corporativa com o capitalismo financeiro neoliberal se estabelece de duas formas: indiretamente, quando a primeira se torna uma empresa bem paga e não quer perder seus clientes com suas milionárias contas de propaganda e, diretamente, quando a própria mídia e o capital financeiro são uma coisa só.

Desta forma, se o capitalismo financeiro não quer que o Brasil dê certo (ver o texto nesta mesma coluna “Uma Nação refém de um Banco Central que só tem compromisso com o capital financeiro”), a mídia corporativa também não o quer, pelo simples fato da mesma fazer parte, direta ou indiretamente, desse capitalismo parasitário rentista que tomou o Brasil e o mundo com o neoliberalismo nos últimos 40 anos.

O Brasil dar certo significa que pode haver crescimento e distribuição da riqueza, coisa que o capitalismo financeiro não suporta. O ideal, para este sistema, mais do que o crescimento, é a garantia da concentração da riqueza nas mãos de uma elite egoísta e cada vez mais atrasada.

Enquanto havia, no governo, um mentecapto atacando diariamente a democracia, a mídia neoliberal até voltou um pouco atrás, principalmente, quando viu que ela própria corria riscos e, assim, foi obrigada a dar uma trégua ao candidato de esquerda. É bom lembrar que uma das características que diferencia direita da esquerda é que a esquerda tem como princípio distribuir renda, coisa que a direita abomina. Para esta, conservar a concentração de renda é o seu princípio.

Depois de sete meses de governo Lula, muitos avanços começam a aparecer nas estatísticas econômicas e sociais, como a queda da inflação, a geração de empregos e a melhoria da economia. As informações só não são ainda melhores, pois só agora o Banco Central, sequestrado pelo capital financeiro, iniciou uma queda ínfima de meio por cento na taxa Selic. Ainda uma das taxas mais altas do mundo. Porém, essas informações não são divulgadas diariamente pela mídia corporativa e, quando são, fazem questão de desvinculá-las do atual governo.

Em um jornal tradicional, um dos seus economistas, contratado para dizer o que o mercado quer ouvir, ataca o governo com a desinformação de não atribuir ao governo Lula as melhorias na economia e, pior, atribui a queda da inflação à ação do Presidente do Banco Central, o mesmo que, manipulando a taxa Selic a serviço do capital financeiro, impede um crescimento maior da economia do país. O mesmo jornalista cara-de-pau não diz nada sobre o verdadeiro motivo, que foi a nova política de preços da Petrobras, que, mais desatrelada do mercado internacional, reduziu os custos com transporte em todo o país, diminuindo assim os preços e a inflação.

Em um outro veículo tradicional, diante das chacinas associadas, num primeiro momento, à polícia do estado de São Paulo, um outro pseudo-jornalista afirma que o “governo Lula está contra a polícia e a favor do Crime”, uma aberração jornalística! Mas que ganha ouvidos. Na era da pós-verdade vale o “diga mil vezes uma mentira e ela passa a ser vista como uma verdade”.

O governo Lula precisa reagir a essas mentiras, que são propagadas cada vez mais, ou cairá no mesmo erro de seus governos passados que, com a ajuda das redes sociais e o advento das fake news, acabou dando margem para a eleição do desastre que foi o último governante federal.

O atual governo precisa criar canais de comunicação para desmentir as inverdades que os muito bem pagos falsos jornalistas propagam diariamente a serviço do sistema financeiro, que não quer que o governo e o Brasil deem certo. Mais do que isso, é preciso levar à população o que o atual governo vem fazendo e que já é possível perceber em alguns índices econômicos e sociais.

Assim, fica claro que o capitalismo financeiro e seu braço comunicativo, a mídia corporativa financeira e manipuladora, não querem o desenvolvimento da nação. Se o capitalismo financeiro é parasitário por natureza, a mídia corporativa, que é paga para divulgar o discurso daquele, é tão parasitária quanto, por serem farinha do mesmo saco!

Prof. Dr. Fábio César Alves da Cunha é geógrafo, professor associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina – UEL

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Fábio da Cunha
Professor Dr. Fábio César Alves da Cunha é geógrafo e docente associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina UEL. Possui mestrado em Planejamento Ambiental (UNESP), Doutorado em Desenvolvimento Regional (UNESP) e Pós-Doutorado em Metropolização pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trabalha com geografia urbana e regional, planejamento urbano e ambiental, geopolítica e metropolização.
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Professor Dr. Fábio César Alves da Cunha é geógrafo e docente associado do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Londrina UEL. Possui mestrado em Planejamento Ambiental (UNESP), Doutorado em Desenvolvimento Regional (UNESP) e Pós-Doutorado em Metropolização pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Trabalha com geografia urbana e regional, planejamento urbano e ambiental, geopolítica e metropolização.

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