Isabel Oliveira, que teria sido seguida por segurança em loja, voltou ao mercado e fez compras só de calcinha e sutiã em protesto
A professora e atriz Isabel Oliveira foi nesta segunda (10) à delegacia para registrar um boletim de ocorrência sobre um possível caso de racismo dentro do supermercado Atacadão. Segundo Isabel, nesta sexta (7), ela teria sido seguida durante toda a sua permanência na loja do bairro Guaíra. Depois disso, a professora voltou ao mercado acompanhada do marido e fez suas compras apenas de calcinha e sutiã para provar que não era uma ameaça. O mercado nega que tenha havido uma abordagem indevida.
Acompanhada de uma advogada e da vereadora por Curitiba Giórgia Prates (PT), que é militante do movimento negro, Isabel compareceu na tarde desta segunda à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa Humana no Tarumã. Já no sábado, Isabel contou ao Plural que se sentiu humilhada e indignada com a perseguição dentro do mercado e disse que resolveu protestar para que negros deixem de ser vítimas de atos semelhantes.
Também nesta segunda, o presidente Lula se solidarizou com a professora curitibana. O presidente associou o caso a um assassinato cometido dentro de uma loja do Carrefour em Porto Alegre, em 2020. Um homem negro foi morto por seguranças da loja, gerando indignação em todo o país. O Atacadão, local do incidente com Isabel Oliveira, é parte do grupo Carrefour.
Lula
“O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Mais um crime. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar, ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar”, teria dito Lula, segundo relato do Estadão. “Se eles querem fazer isso no país de origem deles, que façam, mas não iremos permitir que eles ajam assim aqui”, acrescentou.
O boletim de ocorrência é o primeiro passo para que a Polícia Civil abra uma investigação criminal. Caso encontre indícios de racismo, a delegacia deverá encaminha o caso para o Ministério Público, para que se abra um processo criminal.
O Atacadão, que pertence ao grupo Carrefour, disse por meio de nota que verificando as imagens das câmeras de segurança não encontrou indícios de racismo ou abordagem indevida de parte de seus funcionários durante a passagem de Isabel Oliveira pela loja.
Fonte: Jornal Plural