Professores solicitam reposição salarial, dívida acumulada com a categoria ultrapassa 40%. Estudantes também aderiram suspensão das atividades
Professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) paralisaram as atividades nesta quinta-feira (1º). Além de passeata, os docentes panfletaram em diferentes pontos do campus.
O protesto foi aprovado com unanimidade pela categoria, em assembleia organizativa realizada na última quarta-feira (24) no CECA (Centro de Educação, Comunicação e Artes). A principal reivindicação é a revisão da defasagem salarial, que atinge todo os servidores do Executivo, e já ultrapassa 40%.
De acordo com Cesar Bessa, presidente do Sindiprol/Aduel, a data foi uma sugestão do Comando Sindical Docente acolhida pelos sindicatos das universidades estaduais do Paraná, ou seja, além da UEL, a mobilização aconteceu simultaneamente na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste), UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e Unespar (Universidade Estadual do Paraná).
“Já anteriormente, em outrora assembleia, foi determinado paralisação no dia 1º de agosto diante de algumas questões, por exemplo, não houve concessão por parte do governo do estado da recomposição salarial em decorrência da inflação devido nos salários docentes desde maio de 2024, que é a nossa data-base, uma garantia legal, garantida por lei estadual, lei federal, pela Constituição Federal, ou seja, o governador não cumpre a lei”, explica.
Em âmbito estadual, a liderança refere-se a Lei nº 15.512, de 2007. O marco define a data-base para o funcionalismo paranaense em 1º de maio de cada ano.
Bessa destaca, ainda, a intransigência do governador Ratinho Júnior (PSD) que não tem dialogado com a categoria. “No dia 17 de abril, o governo chegou a se reunir conosco, mas não apresentou proposta alguma, se comprometeu em fazer uma proposta em 30 dias, mas não conseguimos mais reunião e, desde então, o governo selou conversa com os sindicatos”, observa.
Conforme anunciado pelo Portal Verdade, em 15 de julho último, parlamentares da bancada de oposição PT-PDT protocolaram projeto de lei que visa exigir o pagamento da data-base dos servidores do Executivo estadual. A medida propõe um reajuste de 8,3% para os trabalhadores, incluindo civis, militares, ativos e aposentados. Este reajuste será dividido em três parcelas de 2,61%, a serem aplicadas em janeiro, julho e novembro (relembre aqui).
A articulação surge face à seletividade na negociação demonstrada pelo mandatário do Palácio do Iguaçu. No início deste mês, a ALEP (Assembleia Legislativa do Paraná) aprovou projetos de lei que concedem recomposição salarial dos funcionários do Tribunal de Contas, Ministério Público e Poder Judiciário com igual índice de 8,3%. Também foram contemplados, funcionários efetivos e comissionados da ALEP com índice de 3,69% a partir de 1º de maio de 2024.
“Esse mesmo atual governo, no entanto, concedeu de forma retroativa ao mês de maio, o reajuste inflacionário, já que não se trata de aumento de salário, mas recompor o salário diante da inflação aos servidores do Judiciário, do Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado, do Legislativo, aos comissionados, ou seja, não concedeu aos servidores do Executivo, e nós docentes, compomos o grupo deste respectivo setor que são os servidores do Executivo. Existe uma discriminação negativa em relação aos docentes e aos demais servidores do Executivo”, ele adverte.
Servidores
Em assembleias realizadas no campus e HU, na última sexta-feira (26), os servidores técnico administrativos da UEL rejeitaram a paralisação das atividades nesta quinta-feira. A informação foi compartilhada pela ASSUEL (Sindicato dos Servidores Técnico Administrativos da UEL).
Estudantes
Já alunos da UEL, em assembleia geral também realizada na última sexta-feira, aprovaram, por unanimidade, a deflagração da paralisação estudantil este 1º de agosto.
“A paralisação já conta com estudantes e professores que vão compor o dia de mobilização na universidade em defesa da Universidade Pública, condensando todas as pautas que carregamos em nosso cotidiano de luta e pretendendo dar passos rumo à unidade e firmeza essenciais para dar fim às políticas liberais do governo, responsáveis por nossas péssimas condições de vida, trabalho e estudos em nome da privatização enquanto forma de manutenção do projeto da classe dominante, tendo por finalidade desmantelar os serviços públicos, como a educação, e entregar para controle dos interesses privados”, informa postagem do DCE – UEL (Diretório Central dos Estudantes da UEL) nas redes sociais.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.