A sociedade brasileira foi fundada sobre o genocídio dos povos originários, a exploração do escravizados e violência sobre a mulher, sobretudo, as mulheres pretas e indígenas. Toda essa violência foi justificada pela religião, e organizada pelas instituições do Estado à sociedade organizada.
Séculos de silenciamento que foram transformando toda essa barbárie em algo comum do dia dia. Leis que tratariam de garantir o branqueamento do povo brasileiro, criminalização da religião e da cultura, que não fosse oriunda da sociedade católica e de descendência europeia.
Isso transformou toda nossa participação na construção do chamado Brasil. Porque a raça definia qual papel nós caberia. Não contavam que íamos resistir.
Tudo isso transformou o racismo em algo tão naturalizado, que se reproduz a partir de tudo. Nossa ausência nos espaços de poder, de decisão, fora das universidades, mas sempre presentes nos piores índices, de salários menores a recordes em mortes violentas e precoces.
É preciso sempre olhar para a sociedade brasileira sob essa lente. Porque só ela pode dar um diagnóstico mais preciso sob a condição das pessoas pretas aqui. Essa estrutura garante que nada mude, e que uma vez que as pessoas pretas não alcance esses lugares, vazio que esses espaços não vão ficar?! Ele vai ser preenchido por pessoas brancas.
E esse sistema que a branquitude que se estabelece. Não é uma pessoa branca contra outra preta. É um processo histórico que joga as pessoas pretas a margem enquanto puxa pessoas brancas para dentro.
E não há como romper com esse ciclo violento sem também romper com privilégios. Como vamos fazer isso? Toda sociedade racista organizada a partir da branquitude precisa apresentar políticas afirmativas, se não tragicamente o racismo se reproduz.
Cabe como provocação as pessoas brancas que entendem seu lugar dentro dessa máquina de massacrar corpos negros, assumir o seu papel em não reproduz a violência, em não utilizar o fato de ser branca para marginalizar as mulheres negras.
Entre tantas outras ações para que esse feminismo e anti racismo tanto utilizado nos prédios e nas repartições e nos discursos, tomem as ruas. Não já democracia sem a presença de pessoas pretas, mulheres, pessoas com deficiência e LGBTQIA+ nos lugares de decisão.