Sesa defende que dados são preliminares e que é precoce falar em aumento. Taxa acumulada no ano “volta” o estado para 2011
A taxa de mortalidade infantil (TMI) no Paraná pode ter nova alta neste ano se os indicadores não tiverem baixa nos próximos meses. Números apresentados nesta terça-feira (17) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em audiência na Assembleia Legislativa (Alep), desenham trajetória de alta na relação que estima o risco de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida. Depois de décadas em curva descendente, o estado voltou a encarar aumento nos registros. A mudança no comportamento das estatísticas de mortalidade infantil no Paraná vem desde 2021. Após atingir a mínima histórica em 2020, com 9,3 óbitos a cada 1 mil nascidos vivos, a taxa subiu para 9,5 no ano seguinte. Em 2022, chegou a 10,3, e, no acumulado de janeiro a agosto deste ano, já está em 11,1 – equivalente ao cenário de 12 anos atrás. A TMI do Paraná vinha em tendência de queda desde 1999, segundo dados do próprio governo, que estabeleceu como meta para 2023 reduzir o indicador a 9,9. Mas as parciais sugerem dificuldade.
Problema grave
Durante a apresentação do relatório detalhado do 2º quadrimestre aos deputados da Comissão de Saúde, o médico e diretor-geral da Sesa, César Neves, assumiu que se trata de “um problema extremamente grave e sensível”, mas que reflete um comportamento visto em todo o Brasil e está diretamente relacionado às reduções nos repasses da União para a assistência hospitalar. “É um problema que também está sendo impactado na questão da assistência hospitalar”, disse Neves. “As áreas mais penalizadas na medicina [com a redução] é a clínica médica e a materno-infantil porque é uma tabela absolutamente achatada, que não tem reajuste”, falou em resposta a questionamentos feitos pelo deputado Arilson Chiorato (PT).
Para o parlamentar, os números sugerem que o trabalho da Sesa para conter o aumento de óbitos infantis não tem sido suficiente. “Não podemos regredir e permitir que esse índice aumente, porque não é só um índice, estamos falando de vidas, de crianças até um ano de idade”, questionou o Chiorato. A vigilância do óbito infantil, afirma o Ministério da Saúde, é uma ferramenta usada para medir as condições de vida de uma população e, quanto mais altas as taxas, mais precárias são as circunstâncias atreladas. Além de determinar o perfil de mortalidade e orientar medidas de prevenção, outra proposta do monitoramento é identificar as causas do óbito.De acordo com a Sesa, todos os óbitos de infantis no Paraná são investigados. Aos deputados da Comissão de Saúde, a também diretora da pasta, Maria Goretti Lopes, sugeriu que há uma relação das novas taxas com o aumento na manifestação de problemas respiratórios, mas afirmou que ainda é “precoce falar em tendência de aumento”. Segundo ela, a gestão do governador Ratinho Jr. (PSD) tem traçado ações para reverter o quadro. Entre as estratégias, estão o aumento no repasse para prestadores investirem em qualificação de partos e o fortalecimento das ações de grupos de trabalho voltados para a revisão de óbitos materno e infantil
Fonte: Jornal Plural