Essêncis quer remoção imediata de 64 famílias da Tiradentes 2, mas Prefeitura não apresenta plano de relocação para moradores
A empresa Essêncis, responsável pelo principal aterro de lixo de Curitiba e municípios metropolitanos, está usando um incêndio em suas instalações, ocorrido na semana passada, como argumento para tentar retirar da região as 64 famílias da ocupação Tiradentes 2, na CIC. Embora não apresente qualquer prova disso, a empresa afirma que o incêndio teria sido criminoso e insinua que a responsabilidade seria das pessoas da ocupação.
O incêndio foi pontual e não causou maiores danos. Em sua petição, a Essêncis diz que além do incêndio, houve depredação dos banheiros químicos e que os extintores que poderiam ter sido usados no combate ao fogo teriam sido previamente esvaziados.
O Movimento Popular pela Moradia, que ajuda as famílias da Tiradentes 2, diz que na noite em que ocorreu o incêndio os moradores estavam numa vigília perto do aterro, em oração. Os moradores dizem ainda que não se recusam a sair da região, desde que a Prefeitura de Curitiba cumpra com o que foi determinado pela Justiça e crie um plano de relocação para as famílias.
Já o argumento da Essêncis é que o incêndio revelaria a tensão entre as partes e a necessidade do cumprimento imediato de uma decisão pra a reintegração de posse do terreno onde estão as famílias. O despejo não foi feito até o Natal e não ocorrerá sem que se prove haver um “fato novo” que demonstre a necessidade de uma ação emergencial – por isso o apelo para o argumento do incêndio.
A Essêncis, desde o fechamento do aterro da Caximba, executa o aterramento do lixo orgânico de Curitiba e região. O serviço já é feito pela empresa há mais de dez anos, embora a Essêncis jamais tenha vencido uma licitação para isso, dependendo sempre de contratos emergenciais e aditivos assinados pela Prefeitura de Curitiba.
Advogados do Movimento Popular por Moradia dizem que pretendem ir à Justiça contra a Essêncis alegando litigância de má fé.
Fonte: Jornal Plural