A expectativa é que o evento reúna 2 mil pessoas que acompanharão discussões sobre desafios e potencialidades da região
Foz do Iguaçu sedia, entre os dias 22 a 24 de fevereiro, a Jornada Latino-Americana e Caribenha de Integração Dos Povos. O evento espera receber cerca de 2 mil pessoas vindas de mais de 15 países de todo o continente que irão participar, no Centro de Convenções, de debates sobre relações de trabalho, educação e o avanço da extrema-direita que ameaça a democracia nos países latino americanos.
Além dos objetivos de discutir e fomentar ideias para a resolução dos problemas que afligem os países na região, o encontro também busca abrir caminho para o fortalecimento de uma união entre os movimentos sociais de modo transnacional, a fim de contrapor os avanços da autoritarismo.
O encontro é organizado por movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Sem-Terra, UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e contará com a participação de lideranças como o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o vice-presidente da Colômbia, Francia Marquez, o economista e ativista social brasileiro, João Pedro Stédile, o argentino, ganhador do prêmio Nobel da Paz, Perez Esquivel, a presidenta do PT (Partido dos Trabalhadores) Gleisi Hoffmann e o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida.
Unidade latino americana?
Os países que compõem a América Latina abrigam uma diversidade de culturas. No entanto, processos semelhantes de exploração pelos quais as nações passaram contribuem para uma possível unidade em prol de reivindicações compartilhadas.
Eliel Ribeiro Machado, professor do departamento de Ciências Sociais da UEL (Universidade Estadual de Londrina), diretor de comunicação do Sindiprol/Aduel, pontua algumas semelhanças. “Os países que se estendem do México a Argentina, incluindo os países caribenhos, foram colonizados por portugueses ou espanhóis. Além disso, há uma proximidade linguística entre o espanhol e o português”, observa.
“Além da colonização, o que intensifica essa aproximação é que, após conquistarem independência, a maioria desses países se tornou economicamente dependente do capitalismo central. Passaram a depender das economias capitalistas dos Estados Unidos e da Europa. Devido a esses aspectos comuns, que incluem a identidade da colonização e da submissão ao imperialismo, Simon Bolívar sugere a ideia de uma ‘Pátria Grande’, uma união entre todos esses países”, destaca.
Refletindo sobre a história mais recente, o pesquisador também menciona a “Onda Rosa”, nome dado à ascensão de governos progressistas no início dos anos 2000, que abarcou diversos países da América do Sul e Central.
“No entanto, após essa primeira onda, observamos uma reação contrária, marcada pelo surgimento de governos de extrema-direita. É evidente que essa dinâmica de governos de direita neo-fascistas impacta profundamente a região, uma vez que promovem políticas pró-imperialistas, ao contrário dos governos anteriores, que mantinham uma política mais soberana. Isso tem gerado descontentamento por parte do imperialismo e impactado a região, levando-a a perder parte da influência que tinha até cerca de 2016”, acrescenta Machado.
Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.