Levantamento mostra que 43,5% das negociações salariais dos jornalistas em 2023 tiveram reajustes iguais à inflação medida pelo INPC-IBGE
Levantamento elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que, em 2023, foram registrados 23 negociações salariais da categoria dos jornalistas no Sistema Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Destas negociações, 43,5% tiveram reajustes salariais iguais à inflação do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (INPC-IBGE).
Outras 34,8% conquistaram ganhos reais. E 21,7% ficaram abaixo da inflação relativa à data-base. A variação real média de ganho ficou em 0,72%.
Segundo o Dieese, o maior piso salarial da categoria foi de R$ 4.274,75, representando 3,24 salários mínimos. E o menor piso praticado foi de R$ 1.871,85, o equivalente a 1,42 salário mínimo.
A média de piso salarial dos jornalistas brasileiros chegou a R$ 2.535,43, ou cerca de 1,93 salário mínimo.
As negociações com data-base no primeiro semestre do ano passado tiveram os melhores resultados, com 37,5% conquistando reajustes acima do INPC-IBGE e 62,5% com reajustes que empataram com a inflação.
Os Sindicatos de Jornalistas que negociaram no segundo semestre tiveram mais dificuldades: 71,4% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, ao passo em que 28,6% foram acima do INPC-IBGE.
Para a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, os dados apresentados pelo Dieese reforçam a importância da Campanha Salarial Nacional Unificada das/dos Jornalistas 2024.
De acordo com ela, na prática, os jornalistas estão pagando para trabalhar.
“Nossa Campanha tem o objetivo de apresentar nacionalmente as lutas da categoria, reivindicando aos patrões princípios em comum como aumento real dos salários, correção de perdas salariais, inclusão de direitos (como auxílios alimentação, creche e saúde) e combate à violência e ao assédio”, pontua.
Para a dirigente sindical, os jornalistas brasileiros estão com salários defasados e sofrendo extrema pressão por resultados, seja em redações tradicionais ou em novos arranjos produtivos.
“Tudo isso tem causado enorme sofrimento psíquico, além de abandono da profissão”, pontua.
Samira de Castro convida as e os profissionais a se engajarem nas atividades dos Sindicatos que já iniciaram as negociações salariais deste ano.
“A participação da categoria nas assembleias e mobilizações é fundamental para conquistarmos nossos direitos”, frisa.
Fonte: Rádio Peão Brasil