No próximo sábado (16), partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais convocam a população de Londrina para o ato “Chega de ódio, somos pela paz”, em memória de Marcelo Arruda, guarda municipal, liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), assassinado por Jorge Guaranho, policial penal federal, no último fim de semana em cidade de Foz do Iguaçu-PR. Na ocasião, Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos. A temática da festa referenciava à legenda e o presidente Lula. Guaranho invadiu a festa gritando o nome de Jair Bolsonaro (PL), apoio que já expressava em suas redes sociais. A organização é do Comitê Unificado, Coletivo de Sindicatos de Londrina, partidos democráticos e movimentos sociais.
Venâncio de Oliveira, economista, membro do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de Londrina, e um dos organizadores do evento, lembra que a morte de Marcelo Arruda é uma entre muitas violências cometidas contra defensores dos direitos de humanos no Brasil. A percepção é ratificada pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que indica aumento expressivo de opressões contra povos originários, negros, mulheres, comunidade LGBTQIA+ no Brasil, desde o final de 2017.
“O Marcelo [Arruda] não foi o primeiro, lembrando que a Marielle Franco, vereadora eleita pelo PSOL no Rio [de Janeiro] foi morta por sua atuação política, indigenistas também foram mortos por defender os direitos dos indígenas, entre outros assassinatos e perseguições de pessoas por terem determinada posição política. Todas as pessoas que quiserem somar, independentemente de sua filiação política, são bem-vindas no ato. É o povo londrinense pedindo paz e contra o aumento de violência, afirma Oliveira.
A mesma ideia é compartilhada por Laurito Filho, diretor de informação do Sindicato dos Bancários de Londrina e região. Para ele, o mundo todo tem atravessado um momento muito difícil de intolerância aos que pensam diferente. Além de casos em âmbito nacional, Filho cita o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe na última semana. “Não podemos deixar passar, precisamos lembrar as pessoas que nós temos o direito democrático de nos manifestarmos, de emitir nossas opiniões e sermos respeitados por isso, apesar das contradições”.
Letícia Freitas, compõe o Levante Popular da Juventude e a atual gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Para ela, atualmente, a conjuntura política brasileira está dividida entre forças de extrema-direita, representada por Jair Bolsonaro (PL), e grupos democráticos liderados por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato que tem liderado as intenções de voto na corrida presidencial de 2022.
“É uma tática da extrema-direita incitar a violência política que se trata de instaurar o medo na militância de esquerda e desestabilizar o processo eleitoral”, pontua. Freitas recorda também de outros atentados recentes como a explosão que ocorreu na Cinelândia, durante ato com a participação de Lula, Marcelo Freixo (PSB), entre outras figuras progressistas.
Ela considera que o silenciamento não é uma opção, tornando-se fundamental que os segmentos democráticos reforcem a organização popular e pense em formas de prevenção da violência política, não deixando de ocupar as ruas com segurança. “Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta”, convoca.
A concentração está agendada para às 9h no chafariz do calçadão de Londrina. Em seguida, os manifestantes irão caminhar até a Concha Acústica. A partir das 10h30 haverá falas e intervenções de lideranças no local. O encerramento está previsto para às 11h30. Organizadores do evento pedem para que, se possível, a população vá com roupas brancas.