“Nosso ato unitário vai deixar claro que os juros altos têm rebatimento direto na inflação dos alimentos”, afirma Adilson Araújo, da CTB
Por consenso, o Fórum das Centrais Sindicais aprovou nesta quinta-feira (09) a convocação de um ato para atualizar a Agenda da Classe Trabalhadora, que foi aprovada na 3ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat 2022). A atividade vai ocorrer em Brasília no próximo dia 22 de maio.
Segundo Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), o alvo da vez é a política macroeconômica. Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, sob a tutela do bolsonarista Roberto Campos Neto, reduziu o corte da taxa básica de juros, a Selic. Desta vez, o índice caiu apenas 0,25 ponto percentual – de 11% ao ano para 10,5%.
“O movimento sindical entende que o governo tem uma agenda positiva para os trabalhadores, que se soma a projetos estratégicos como o PAC (Programa de aceleração do Crescimento) e à NIB (Nova Indústria Brasil)”, diz Adilson. “Mas esse conservadorismo patrocinado pelo Roberto Campos Neto colide com o nosso objetivo – que é um novo projeto nacional de desenvolvimento.”
O dirigente sindical lembra que, após um ano e cinco meses de governo, Lula já avançou com a retomada da política de valorização do salário mínimo, a lei de igualdade salarial, viabilização do piso nacional da enfermagem e outras iniciativas. Mas, segundo Adilson, “os trabalhadores não sentiram essas conquistas – e não vão sentir enquanto houver juros altos, arcabouço fiscal e déficit zero”.
“Nosso ato unitário vai deixar claro que os juros altos têm rebatimento direto na inflação dos alimentos. Enquanto a China amplia a oferta de crédito e a taxa de investimento, o Brasil fica preso às armadilhas do arcabouço”, afirma o presidente da CTB.
De acordo com Adilson, o Brasil voltou a figurar entre as dez maiores economias do mundo – “provavelmente já temos o oitavo maior PIB”. Esse crescimento, no entanto, foi acompanhado de arrocho salarial e mais concentração de renda. “As centrais precisam defender uma política que priorize investimentos, crescimento e desenvolvimento”, comenta. “Estamos vivendo a tragédia no Rio Grande do Sul, mas vamos viver outras catástrofes. Ou radicalizamos num projeto ambicioso de infraestrutura, ou ficaremos para trás.”
A expectativa do Fórum das Centrais é reunir 5 mil trabalhadores no ato de 22 de maio. Até lá, o sindicalismo segue dedicado a apoiar a população gaúcha com ações de solidariedade. Para as centrais, a força-tarefa pela reconstrução do Rio Grande do Sul tem de conciliar ações nacionais e locais, para evitar demissões em massa e retirada de direitos.
Fonte: Portal Vermelho