Mensagem contra a greve da APP-Sindicato acusa educadores de espalhar desinformação
Desde o último sábado pais de estudantes da rede estadual de ensino do Paraná recebem mensagens por aplicativo de celular desqualificando a greve dos professores. Em um dos vídeos a APP-Sindicato, que representa os trabalhadores da educação no Estado, é acusada de disseminar desinformação.
O vídeo usa takes de banco de imagens mostrando rotina de estudantes que não são sequer de escolas do Paraná. A locução afirma que os pais não devem permitir que estudantes participem de manifestações em defesa da educação pois há risco de violência e que lugar de adolescentes e professores é na escola.
O material aparenta ser bem produzido, mas não traz nenhuma assinatura institucional, muito embora a mensagem seja posicionada a favor do Governo do Estado.
Um áudio que circula em grupos afirma que o houve envios em massa da mensagem. O material está disponibilizado no Google Drive e qualquer pessoa com o link pode acessar.
O proprietário do arquivo é “lucianorenan” e o domínio do email é do Governo do Estado. O endereço eletrônico utilizado para compartilhar o vídeo (veja abaixo) é lucianorenan@escola.pr.gov.br , com o título “alerta Seed”.
A reportagem do Plural entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação (Seed) e questionou a pasta sobre a autoria do material. De acordo com a Seed “todo o conteúdo audiovisual produzido pelos órgãos ligados ao Governo do Estado do Paraná obedecem aos padrões de produção e divulgação estabelecidos legalmente (incluindo a inserção dos logotipos oficiais), sendo veiculados, em primeiro lugar, nos canais institucionais oficiais do Governo do Paraná”. Além disso, a pasta informou que “o referido conteúdo não foi produzido pela Seed-PR nem tampouco enviado por esta Secretaria”.
Também entramos em contato com o proprietário do arquivo, no email cadastrado no Drive, mas até o fechamento deste texto ele não havia retornado. A matéria será atualizada se isso ocorrer.
Terceirização
Professores e trabalhadores da educação do Paraná estão em greve desde ontem (03) em virtude de um projeto de lei de autoria do Governo do Estado que pretende terceirizar a gestão escolar. Conforme o texto de Ratinho Jr. (PSD), 200 escolas em 110 cidades do Estado poderão ter a iniciativa privada realizando trabalhos administrativos.
Nesta segunda-feira houve protestos em todas as regiões do Paraná. Em Curitiba professores e estudantes ocuparam a Assembleia Legislativa e a votação do texto em primeiro turno precisou ser feita online.
De acordo com a APP-Sindicato e com a União Paranaense de Estudantes (UPE) este projeto, na prática, é a privatização das escolas públicas, embora o Governo alegue que a mudança deve otimizar a gestão.
A bancada de oposição da Assembleia protocolou, na tarde desta terça-feira (04), um documento junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a reversão da decisão que autoriza os serviços de gestão.
O pedido é pela suspensão do PL 345/2024, de autoria do Executivo, que tramita em regime de urgência, até que seja apresentada a estimativa do impacto financeiro que a terceirização deve causar aos cofres públicos estaduais.
Fonte: Jornal Plural