Se antes a recomendação de usar máscaras e aderir ao home office ocorria devido à pandemia de covid-19, agora o motivo mudou.
Segundo especialistas ouvidos por VivaBem, os níveis atuais de poluição no ar deveriam ser motivo suficiente para manter as pessoas em casa —e recomendar proteção facial, caso tenham de ir para a rua. A exposição à fumaça tóxica pode causar danos à saúde, como desconforto respiratório e até problemas cardíacos.
Máscara e home office
As empresas deveriam deixar os funcionários em casa, com mais dias de home office. Essa é a opinião do pneumologista Frederico Fernandes, diretor da SPPT (Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia)
Home office teria duplo benefício, segundo o médico. “Com isso, a gente evita a exposição aos poluentes e, ao mesmo tempo, deixa de usar o carro, por exemplo.” Ele explica que, ao evitar sair de casa, a exposição a uma concentração maior e mais agressiva de poluentes é reduzida.
Gestores e governantes perderam o timing para tomar medidas relacionadas à saúde das pessoas em dias com altos índices de poluição, segundo Fernandes. Alberto Cukier, pneumologista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, concorda com a recomendação. Para ele, é uma forma de contribuir para evitar ainda mais poluição na “névoa” que está cobrindo a cidade.
Outra alternativa, segundo Cukier, é reduzir a frequência dos deslocamentos e, consequentemente, a emissão de mais poluentes. “Utilizar transporte público, quando possível, também pode ser uma boa opção para diminuir a emissão de gases poluentes e partículas no ar.”
Mas, claro, nem todo mundo consegue trabalhar de casa —conforme ocorreu na pandemia. Portanto, o ideal seria que pessoas com doenças respiratórias, principalmente, evitassem o ambiente externo.
Questão do home office é complexa e necessita de discussão profunda, segundo Bruno Arantes Dias, pneumologista do Hospital Nove de Julho (SP). Debate envolve aspectos da preservação imediata da saúde do indivíduo e os impactos socioeconômicos, explica o especialista.
“Ficar em casa nesse momento pode ser útil se a situação se acentuar, principalmente no contexto de quem já tem um aparelho respiratório frágil. Mas o ideal é que a gente comece a encarar a questão de uma forma mais séria, a fim de gerar políticas ambientais mais efetivas para controlar esse tipo de emissão”. Bruno Arantes Dias, pneumologista
Máscaras com alta proteção como a PFF2 e N95, muito utilizadas na pandemia, são ótimas para reduzir o impacto da poluição, segundo Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
Tenho recomendado o uso de máscaras principalmente para quem tem doenças respiratórias crônicas e sabe que vai sair em áreas em que a poluição está muito elevada. Elie Fiss, pneumologista
Pneumologista sugere as máscaras mais resistentes, sobretudo para quem vive em regiões mais próximas das queimadas. “E, dentro de casa, procurar fechar as frestas para que essa poluição não entre com partículas muito grandes”, explica.
Outras dicas
- Mantenha-se hidratado: beba água
- Deixar as janelas fechadas (principalmente se morar perto de avenidas movimentadas)
- Evitar se expor no horário de pico em regiões muito movimentadas
- Manter ambiente interno úmido (umidificador, toalha molhada, bacia de água)
- Evitar fumar
- Evitar uso de produtos de limpeza com compostos químicos dentro de casa
Altos níveis de poluição
A qualidade do ar em São Paulo foi considerada a pior do mundo, segundo a empresa suíça de tecnologia IQAir, que monitora as condições da poluição em grandes cidade.
No ar, há material particulado (PM2.5) oriundo das queimadas que ocorrem em todo o Brasil, além do clima seco e quente na cidade. Essa mistura causa diversos efeitos negativos à saúde das pessoas, principalmente para quem está presente nos grandes centros.
Fonte: UOL