Entidades chamam a atenção para irregularidades nos desligamentos e destacam o impacto da pressão por resultados no adoecimento dos trabalhadores
O Banco do Brasil tem enfrentado críticas e mobilizações em decorrência do aumento de demissões por justa causa registradas nos últimos meses. A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) afirmaram que estão acompanhando os processos de demissão em andamento.
As entidades destacam que estão vigilantes para garantir que não ocorram injustiças ou qualquer ação do banco que descumpra os ritos internos, incluindo o direito de ampla defesa. Laurito Porto Lira, diretor de Formação do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, detalhou os principais aspectos dessas dispensas e as medidas tomadas pelo Sindicato.
De acordo com Lira, os motivos alegados pelo Banco do Brasil para os desligamentos incluem desde o descumprimento do código de ética até falhas em procedimentos relacionados à venda de produtos e serviços.
No entanto, ele destaca um fator preocupante, o adoecimento mental dos trabalhadores, que tem passado despercebido. “E vemos que os colegas que estão de alguma maneira estão adoecidos mentalmente devido a sobrecarga de trabalho e pela cobrança abusiva de metas e resultados”, afirma Lira.
Embora não haja um número consolidado de quantos funcionários foram afetados, um caso específico chamou atenção e mobilizou o Sindicato. Um bancário de Minas Gerais foi demitido por justa causa após fazer uma manifestação em um espaço de comentários da intranet corporativa.
Segundo Laurito, “O Banco do Brasil alegou descumprimento do código de ética, mas esse trabalhador possuía um histórico médico e havia acabado de retornar de uma licença saúde acidentária. Além disso, não foi garantida a ampla defesa no processo”, enfatiza.
O diretor reforça a importância de buscar assistência sindical em casos de processos disciplinares.
“Quando ocorre no Banco do Brasil a abertura do processo de apuração, deve-se procurar imediatamente a assessoria jurídica do sindicato, pois o prazo para responder é muito curto, apenas cinco dias. No caso do adoecimento o colega também deve procurar a secretaria de saúde do sindicato para que sejam tomadas as devidas providências, como a abertura do Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT)”, orienta.
Ações do Sindicato
Ainda, de acordo com a liderança, o Sindicato dos Bancários tem atuado em diversas frentes para proteger os trabalhadores e reverter demissões consideradas arbitrárias.
“As ações vão desde a cobrança junto à instituição cobrando mudança de postura dos envolvidos nos processos de avaliação disciplinares ao ingresso de ações judiciais que buscam reverter a demissão e reintegrar os colegas, bem como, acompanhar e buscar dar suporte emocional a essas pessoas que estão sofrendo com esse processo que provocou a sua saída do banco neste momento”, conclui Lira.
Matéria da estagiária Fernanda Soares sob supervisão.