O início do ano letivo na rede estadual de ensino tem exposto o descaso da gestão Ratinho Jr. com estudantes e trabalhadores(as) da educação no Paraná. Enquanto o governo tem destinado dinheiro público da educação para dar lucro à empresas privadas, com a aquisição de plataformas digitais ineficazes e até com a privatização da gestão, escolas sofrem com a falta de estrutura nas salas de aula para enfrentar as altas temperaturas registradas em todas as regiões do estado.
Em cidades do litoral, onde a sensação térmica quase bateu os 60°C no início desta semana, segundo dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), há escolas onde as salas de aula contam com apenas um ventilador funcionando. Em algumas unidades, aparelhos de ar-condicionado novos até foram comprados, mas estão há quase dois anos guardados porque a fiação elétrica precisa ser trocada para suportar a instalação.
“Em Matinhos, por exemplo, das cinco escolas que nós temos, nenhuma delas tem ar condicionado instalado. Em todos os municípios do litoral, as escolas estão sofrendo com isso. São pouquíssimas as escolas que estão com ar-condicionado ligado e todos funcionando. Já chegamos ao ponto de escolas orientando os estudantes que levem os seus ventiladores pessoais para poder amenizar um pouco o calor”, denuncia a presidenta do núcleo sindical da APP-Sindicato em Paranaguá, Aparecida Reis Barbosa.
A dirigente relata que, além da condição desumana enfrentada pela comunidade escolar, a demora para instalar os aparelhos também ocasiona desperdício do dinheiro público. Segundo ela, quando os equipamentos são instalados, muitos já não funcionam porque foram deteriorados pela maresia, antes mesmo de entrar em operação. Somado a essas situações, os transtornos impactam o processo de ensino e a saúde de estudantes e educadores(as).
“Nós temos escolas, como é o caso do Colégio Maria Morozowski, em Paranaguá, que não tem ar-condicionado e tem apenas um ventilador na sala, numa estrutura que tem 35, 40 alunos em sala. Óbvio que isso impacta na qualidade, nas condições de qualidade do trabalho que o professor realiza em sala, impacta no processo de ensino-aprendizagem, porque as crianças, os adolescentes, às vezes, precisam sair da sala para tomar água, passam mal. Então, o problema é muito grave”, explica.
Aparecida Reis destaca que a APP tem pressionado o governo para solucionar o problema. Como resposta, várias escolas foram autorizadas a terem autonomia na organização dos horários e para dispensar ou não de alunos por conta do calor extremo. Ontem, várias escolas realizaram aulas de 30 minutos e dispensaram os(as) estudantes mais cedo.
“O calor não espera. Este ano nós estamos numa situação mais grave ainda, por conta da onda de calor e porque a gente tem sofrido mais com o calor intenso aqui. Ontem, em Matinhos a sensação térmica estava de 43 graus, em Paranaguá 47 graus de sensação térmica”, conta.
Na região noroeste do Paraná, onde algumas cidades registram as temperaturas mais altas do estado durante o ano todo, a situação também é a mesma. Segundo a presidenta do núcleo sindical da APP-Sindicato em Paranavaí, Maria Julia Nunes da Rocha, são poucas as escolas que possuem salas climatizadas.
“A situação aqui está terrível. O governo só faz cobrança de rendimentos dos professores e dos alunos. Mas as salas estão lotadas, sem condições. Muito quente, poucos ventiladores, alunos e professores passando mal”, relata Maria Julia.
Desumano
A condição desumana das salas de aulas foi mostrada em reportagem exibida no telejornal Boa Noite Paraná, nesta segunda-feira (17). De acordo com a matéria, no Colégio Estadual Mustafá Salomão, em Matinhos, aparelhos de ar-condicionado novos estão na caixa desde o mês de agosto do ano passado aguardando a instalação.
“Numa sala com pouca ventilação, só aquele ventilador que está ali, dois ventiladores, um de cada lado, não dá conta desse calor. E aí a gente fica dentro da sala de aula pingando, lidando da melhor forma possível, mas precisamos da instalação dos ar-condicionados que já estão na escola. Precisamos da situação resolvida o mais rápido possível”, relatou uma professora.
“Chega a ser desumano com as crianças, porque o ar está aqui desde agosto e não é instalado porque não tem rede elétrica. Insalubre, insalubre o que as crianças estão vivendo aqui”, disse uma mãe. Segundo ela, a situação é bem complicada em todos as escolas e, no Colégio Estadual Professora Tereza da Silva Ramos, estão pedindo para que os(as) estudantes levem o ventilador de casa para tentar amenizar a situação.
Fonte: APP-Sindicato