O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu, por tempo indeterminado, a reintegração de posse das mais de 100 famílias da comunidade Resistência Camponesa, do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), localizada em Reserva do Iguaçu (Centro-Sul). O despejo estava marcado para esta segunda-feira (10).
A decisão foi emitida pelo Ministro Alexandre de Moraes na madrugada de sábado (8) para domingo (9), durante o plantão judiciário deste fim de semana. O ministro atendeu uma medida cautelar proposta pelo defensor público João Victor Rozatti Longhi, da Defensoria Pública do Paraná, contra a ordem de despejo emitida pela Vara Cível da Comarca de Pinhão.
“Hoje é um dia de muita alegria e muita emoção”, resume Bruna Zimpel, da direção nacional do MST pelo Paraná, que também está na comunidade. “Essa conquista de hoje significa a vitória da luta popular, com a suspensão da reintegração de posse, mas principalmente, sinaliza a partir dos órgãos competentes, INCRA e MDA, a possibilidade do assentamento definitivo das famílias que ocupam esse território”, garante a militante, que é acampada em Clevelândia.
A vitória chega depois de vários dias de mobilização e articulação. Na última sexta-feira (7), as mulheres do MST, junto com as famílias sem Terra de toda da região, se mobilizaram em marcha em Reserva do Iguaçu para dialogar com a sociedade local e com autoridades para reivindicar a permanência das famílias no local.
A mobilização integrou o Encontro Estadual das Mulheres Sem Terra do Paraná, iniciado no dia anterior, com companheiras Sem Terra de diversas regiões do estado. A atividade integra a Jornada Nacional das Mulheres Sem Terra, que acontece em todo o país até o dia 14 de março. O lema deste ano é: “Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital.”
Cerca de 500 trabalhadoras e trabalhadores rurais marcharam até a Prefeitura Municipal. Lá, o ato político foi acompanhado de um café da manhã farto e diversificado da produção camponesa, com frutas e panificados. No período da tarde, a mobilização foi em frente ao Fórum da Comarca de Pinhão, onde se reuniram com a juíza titular Natália Calegari Evangelista. O objetivo do dia de mobilização foi sensibilizar autoridades e a população para a gravidade da situação.
A área ocupada pelas famílias é uma das mais de 80 comunidades da Reforma Agrária que ainda lutam pelo assentamento no Paraná. Ao todo, são cerca de 7 mil famílias em áreas de ocupação organizadas pelo MST.
Fonte: Portal Bonde