Um pedido de informações sobre a abertura de escolas durante o Carnaval virou o centro de mais uma polêmica entre a prefeitura de Tiago Amaral (PL) e a Câmara Municipal. Na sessão desta quarta-feira (15), o vereador Marcelo Oguido (PL), líder do prefeito na Casa, foi denunciado por tentar impedir a aprovação de um requerimento que solicitava detalhes sobre a disponibilização de quatro unidades escolares para atender crianças durante o feriado de Carnaval, cancelado oficialmente neste ano.
O autor do pedido, um vereador em primeiro mandato identificado como cristão e novato nas articulações políticas, argumentou que a medida era urgente para “garantir o direito de pais trabalhadores, que não teriam onde deixar os filhos”. A iniciativa visava atender famílias de baixa renda, que dependem de serviços públicos para conciliar emprego e cuidado parental.
Entretanto, segundo relatos de parlamentares presentes, Oguido teria pressionado colegas a “vetar o debate”, alegando que o tema “não era prioritário” e que a prefeitura já havia solucionado a demanda. A negativa gerou revolta: “É inaceitável que um pedido de transparência seja barrado sem justificativa técnica. O que há por trás disso?”, questionou o vereador autor do requerimento, em entrevista após a sessão.
Carnaval sem feriado: crise social ou má gestão?
A extinção do feriado de Carnaval, aprovada no ano passado, gerou críticas de movimentos sociais, que alertaram para a falta de planejamento para famílias sem rede de apoio. Dados do IBGE (2023) mostram que 60% das mães solo no país enfrentam dificuldades para conciliar trabalho e cuidados com os filhos em períodos sem aulas. A abertura das escolas seria uma alternativa emergencial, mas a prefeitura não divulgou como operacionalizaria a ação.
Jogo político ou interesse público?
Fontes da Câmara sugerem que a resistência de Oguido estaria ligada a tensões internas no PL. Tiago Amaral, aliado do governador do estado, enfrenta desgaste após seguidas críticas à gestão educacional. Já Oguido, visto como “novo cristão” em meio a uma bancada evangélica crescente, pode estar buscando alinhar-se a grupos contrários a políticas públicas associadas ao Carnaval.
Especialistas ouvidos destacam que barrar pedidos de informação fere a Lei de Acesso à Informação (LAI): “Qualquer cidadão, inclusive vereadores, tem o direito de obter dados sobre ações do Executivo. Oposição ou não, a transparência é obrigatória”, afirma a jurista Mariana Costa.
E agora?
O requerimento deve ser votado na próxima sessão. Enquanto isso, pais organizam protestos nas redes sociais: “Sem escola, vou perder dias de trabalho. O prefeito se esquece de quem o elegeu?”, desabafou uma mãe em live no Instagram.
A crise escancara o desafio de conciliar políticas públicas eficientes com jogos de poder — e a população, mais uma vez, paga o preço.
A Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição.
Fonte: O Expresso BR