Sindicato também reforça o entendimento de que as escolas devem ser ambientes de aprendizado e não apenas para a permanência das crianças
Na tarde da última sexta-feira (28), o prefeito de Londrina Tiago Amaral (PSD) publicou um vídeo nas redes sociais anunciando que, durante esta segunda e terça-feira, dias 3 e 4 de março, seis escolas municipais estarão abertas, ofertando atividades recreativas para estudantes da educação infantil (veja quais são as unidades abaixo).
Nomeado de “Viva a infância” trata-se, segundo Amaral, de um “projeto piloto” com o intuito de que os pais e demais responsáveis que estejam trabalhando durante o feriado de Carnaval tenham onde deixar as crianças.
O comunicado despertou críticas. Em nota, o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais) de Londrina apontou que, reconhece a necessidade de os trabalhadores deixarem seus filhos em locais seguros enquanto executam suas jornadas, durante os feriados e recessos escolares, mas rejeitou a forma como o anúncio foi realizado, sem diálogo com a categoria.
Ainda, o Sindicato criticou a visão assistencialista das escolas reforçada pela medida. Para o coletivo, os ambientes escolares não devem ser considerados apenas um espaço para a permanência das crianças, mas sim um local de aprendizado, o que requer, entre outros elementos, tempo para que os professores possam planejar as atividades.
Na postagem do prefeito, diversas pessoas também se manifestaram contrariando à medida e apontando que “escola tem caráter científico”, “escola não é depósito de crianças”, “total descaso com os professores”, entre outras declarações.
Conforme informado pelo Portal Verdade, no último dia 12 de fevereiro, a Prefeitura de Londrina publicou Decreto nº 185, permitindo o funcionamento do comércio durante o Carnaval. O regulamento também altera o Código de Posturas do Município (Lei Municipal nº 13.903), retirando a determinação do feriado municipal na terça de Carnaval (relembre aqui).
O Sindserv Londrina também chama atenção para o aprofundamento da precarização do trabalho enfrentado pelos docentes e demais trabalhadores da educação.
“Sobrecarregar os professores, que já enfrentam demandas extremamente altas, como aumento do número de alunos típicos e atípicos, falta de professores de apoio, calor extenuante, entre tantas outras questões, tem dificultado em muito, a arte de ensinar”, diz o texto.
Confira nota na íntegra:
Segundo a Prefeitura, cada escola deve ofertar 100 vagas. A programação será organizada em dois períodos, de manhã, das 8h30 às 12h30 e à tarde, das 13h30 às 17h30.
Também de acordo com o poder Executivo local, nesses dois dias, crianças uniformizadas e um acompanhante não pagarão passagem no transporte coletivo.
Durante esta segunda e terça-feira, a Prefeitura de Londrina está fechada. O órgão retoma os atendimentos às 12h de quarta-feira (5).
Balanço
Os diretores do Sindserv Londrina acompanharam as atividades com o intuito de verificar número de estudantes e professores que comparecerem a cada unidade:
– Escola Municipal Roberto Pereira Panico Maestro (Zona Leste)
3 alunos
9 professores
Além de funcionários, equipe gestora, representantes da Secretaria Municipal de Educação e uma viatura da Guarda Municipal.
– Escola Municipal Zumbi dos Palmares (Zona Sul)
9 professores sendo 4 de outras unidades escolares
2 alunos
Além de funcionários, equipe gestora, representantes da Secretaria Municipal de Educação e uma viatura da Guarda Municipal.
– Centro Municipal de Educação Infantil Valéria Veronesi (Centro)
4 professores
Sem alunos
Além de funcionários, equipe gestora, representantes da Secretaria Municipal de Educação
– Escola Municipal América Sabino Coimbra (Zona Norte)
4 professores
4 alunos
Além de funcionários, equipe gestora, representantes da Secretaria Municipal de Educação e duas viaturas da Guarda Municipal.
– Escola Municipal Noêmia Garcia Malanga (Região Oeste)
Não houve atendimento em razão da não adesão dos pais ao projeto.
O Sindserv informou que segue acompanhando se reunirá com a administração municipal para iniciar um debate sobre o projeto e a fim de garantir os direitos servidores.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.