Os moradores precisaram arrecadar R$ 2 mil para liberar as três pessoas
Na noite desta terça-feira (18), moradores da Favela da Bratac, zona oeste de Londrina, sofreram um novo ataque. Em nota publicada no Instagram do Coletivo Ciranda da Paz, os moradores denunciaram mais uma violência.
De acordo com os relatos, crianças do bairro foram agredidas por policiais militares que chegaram a desferir tapas no rosto delas. Segundo os moradores, uma das vítimas tem 8 anos. Ao questionar o motivo da agressão, Vanessa Pereira da Costa, mãe de Wender da Costa, jovem de 20 anos morto pela Polícia Militar, no último dia 15 de fevereiro, foi detida.
Além dela, foram levados para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, Wesley da Costa Bento (irmão de Wender) e Thaís Azevedo da Silva (outra moradora da comunidade e amiga da família). Moradores se concentraram em frente à Delegacia em solidariedade e para reivindicar a liberação dos três, que só foram soltos após o pagamento de fiança de R$ 2 mil.
“Não podemos mais aceitar essa realidade. Estamos sendo perseguidos, criminalizados e violentados simplesmente por existirmos”, afirmam.
Além de Wender, foi executado na mesma operação, Kelvin dos Santos, de 16 anos (relembre o caso aqui).
Confira nota na íntegra:
Conforme informado pelo Portal Verdade, desde o assassinatos de Kelvin e Wender, a comunidade da Bratac, com apoio de movimentos sociais e populares, têm realizado uma série de protestos para denunciar a violência e clamar por justiça.
Porém, durante e após os atos, os manifestantes têm denunciado diversas intimidações. Na última sexta-feira (14), dois jovens caminhavam pela Rua Seringueira, quando uma viatura da Polícia Militar passa e um dos policiais dá um tapa em um deles (veja aqui).
Polícias envolvidos voltam às ruas
Os quatro agentes Julio César da Silva, Luiz Ricardo Monteiro da Silva, Jeferson Fontes Longas e Gabriel Ferreira de Lima Bosso, envolvidos nos assassinatos de Kelvin e Wender voltaram a trabalhar normalmente, de acordo com o secretário de Segurança Pública do Paraná, Coronel Hudson Teixeira.
A informação foi repassada durante coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira.
Ainda, de acordo com a corporação, quando ocorre intervenções que resultam em morte, a Polícia Militar afasta os policiais que participaram da operação até que eles passem por uma avaliação psicológica. Após esse período, caso estejam aptos, eles retornam às atividades.
O inquérito que investiga a conduta dos policiais tem prazo de 40 dias para ser concluído. Como foi instaurado no dia 18 de fevereiro, deve ser finalizado até o fim deste mês.
Ações visam custear o processo e abaixo-assinado
Além de ações na comunidade, as famílias de Kelvin e Wender criaram uma vakinha virtual para ajudar nas despesas do processo e nas mobilizações (saiba mais aqui).
Doações de qualquer quantia, podem ser realizadas diretamente para a chave PIX: vanessaperreira94@gmail.com (Vanessa Pereira da Costa – Banco Pan).
O Ciranda da Paz também criou abaixo-assinado que exige a implantação de câmeras nas fardas de policiais militares em todo Paraná.
Em abril de 2024, o Paraná começou um teste operacional com 300 câmeras corporais, distribuídas entre os efetivos de oito cidades, incluindo Londrina. A quantidade representa somente 1,27% de todo efetivo, composto por cerca de 23 mil policiais militares.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.