Como resultado da pressão, representantes do SindSaúde-PR foram recebidos pela Casa Civil
Mesmo após prometer, em julho, uma proposta de reajuste, o governo Ratinho Júnior (PSD) ainda não apresentou uma solução para as demandas dos trabalhadores da saúde do Paraná, que, além da defasagem salarial acumulada por todo o funcionalismo, também enfrentam perdas significativas no pagamento da GAS (Gratificação de Atividade da Saúde).
Passados três meses desde a última atualização, a ausência de respostas levou servidores, por meio do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Serviço Público de Saúde do Paraná (SindSaúde/PR), a organizarem uma mobilização na última terça-feira (08), em frente ao Palácio Iguaçu, Curitiba.
Devido à pressão exercida pelos manifestantes, a Casa Civil se viu obrigada a receber uma comissão do Sindicato, através da Diretoria de Articulação Estratégica e Acompanhamento Fiscal (DAE).
Na reunião, o SindSaúde/PR expôs, mais uma vez, que as demandas já foram protocoladas repetidamente. Mesmo com a promessa feita pelo secretário de Saúde, César Neves, de apresentar uma proposta com cálculos em andamento pela SESA (Secretaria Estadual de Saúde) o governo, mais uma vez, não agiu.
“Tivemos uma adesão significativa, mesmo com as dificuldades de um movimento estadual. Recebemos apoio de diversos locais de trabalho, incluindo os que não puderam comparecer fisicamente. No entanto, fomos recebidos pela DAE e reforçamos o quanto é difícil estabelecer um diálogo eficaz com o Executivo, que segue ignorando nossas pautas”, explica Gilson Luiz Pereira Filho, diretor do SindSaúde-PR.
Entenda as demandas
Uma das principais discussões foi sobre o reajuste da GAS, que apresenta uma defasagem de 52,5%. Essa gratificação é destinada exclusivamente aos servidores da saúde e teve uma negociação inicial considerada positiva, no entanto, nada foi oficializado, gerando insatisfação entre os trabalhadores (relembre aqui).
Outra demanda apresentada foi a reposição salarial referente à data-base, que apresenta uma defasagem de 4,78% acumulada somente no último ano. Além disso, o Sindicato ressaltou que a dívida total do governo do estado com os servidores chega a 42,39%, e exigiu que o compromisso seja cumprido.
“O diretor nos informou que o governo não tem proposta nem condições financeiras no momento, alegando que a dívida acumulada com o funcionalismo chega a R$ 12 bilhões. Ele mencionou ainda que há uma ação judicial pedindo o pagamento retroativo da data-base de 2017 a 2022, e, por isso, não haveria condições de honrar o reajuste deste ano”, explicita Gilson.
Também foi solicitada a revisão da tabela salarial dos promotores de saúde de nível fundamental, com a justificativa de que esses trabalhadores enfrentam disparidades em comparação com outros cargos do Quadro Próprio do Sistema de Saúde (QPSS).
“Esses profissionais foram prejudicados na reestruturação da carreira, recebendo um reajuste bem inferior ao dos outros cargos. Solicitamos a revisão da tabela para corrigir essa injustiça. Ficou acordado que re-protocolaríamos o impacto financeiro do reajuste”, acrescenta o sindicalista.
No encerramento da reunião, a Casa Civil adicionou mais uma promessa à longa lista de compromissos não cumpridos com o Sindicato. Desta ocasião, o compromisso seria agendar um novo encontro com o secretário de Saúde para debater as demandas. O SindSaúde-PR, por sua vez, garantiu que seguirá monitorando o processo de perto, exigindo que as negociações avancem de fato.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão