Ação nas redes se concentrará das 9h às 11h, com a hashtag #JuntosPorIgualdade: relatório do Dieese mostra que mulheres bancárias ganham em média 20% menos que os homens bancários
A categoria bancária de todo o país se reorganiza para mais uma ação na rede X, com um tuitaço, das 9h às 11h, para exigir igualdade de oportunidades aos trabalhadores do setor. Também estão previstas ações no Instagram, Facebook e grupos do WhatsApp, pelo fim das distorções salariais entre homens e mulheres, pelo combate à discriminação e por condições igualitárias nos processos de ascensão dentro dos bancos, para que mulheres, pessoas com deficiência (PcD), negros e negras e LGBTs tenham maior representatividade nos cargos de liderança.
As manifestações acontecerão no mesmo dia em que o Comando Nacional dos Bancários se reunirá com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), na mesa de negociações sobre Igualdade de Oportunidades, como parte da Campanha Nacional de 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
A orientação é que todos e todas utilizem a hashtag #JuntosPorIgualdade, marcando nas postagens a @Febraban. Um e-mail foi enviado, nessa segunda-feira (8), às entidades sindicais, com informações e materiais para o tuitaço.
“Na Consulta Nacional da Categoria Bancária, que realizamos neste ano com quase 47 mil bancárias e bancários de todo o país, o tema igualdade de oportunidades apareceu na quinta colocação entre as prioridades, porém quando separado por gênero, o tema subiu para a primeira colocação, entre as mulheres”, explica a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
A dirigente destaca que o relatório do Dieese, que será apresentado à Fenaban, na mesa de negociações, mostra que as mulheres bancárias tem remuneração média 20% inferior aos seus pares do sexo masculino. Quando feito o recorte racial, a situação piora, com mulheres bancárias negras com remuneração média 36% inferior à média do bancário branco do sexo masculino.
“Além de exigir igualdade salarial entre homens e mulheres, também levaremos à mesa o combate a todas as formas de discriminação, para que deixem de existir distorções que estão impedindo a diversidade nos cargos de liderança”, completa Juvandia.
A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, ressalta que as distorções entre gênero na categoria se repetem em todos os cargos e se aprofunda, ainda que a mulher tenha maior grau de escolaridade. As mulheres bancárias com doutorado, por exemplo, recebem, em média, 39% menos que seus pares homens com o mesmo grau de formação.
“Não faz sentido essa diferença de remuneração, que se repete independente de cargos, e se torna ainda pior quando a mulher é mais estudada ou sobe de cargo. A única explicação é o machismo estrutural que precisa ser combatido e para que haja justiça social e respeito à lei de igualdade salarial que está em vigor”, completa.
O secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, reforça que os dados organizados pelo Dieese revelam que a interferência dos preconceitos estabelecidos na sociedade se repetem nas empresas bancárias.
“Mulheres negras ocupam 10% e os homens negros 13% dos cargos de liderança nos bancos. Se considerarmos todos os cargos dos bancos, negros e negras representam 26,2% de toda a categoria, sendo que as mulheres negras representam 12% desse total. Entretanto, no Brasil, a população negra em idade de trabalhar representam mais de 56% da população, segundo o IBGE, então é essa diversidade que precisamos alcançar”, pontua.
A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis, ressalta que igualdade de oportunidades é um tema central e essencial para os bancários. “A categoria, inclusive, que é a única com uma mesa específica e permanente para discutir essa questão, o que dela referência para as demais categorias”, ressalta.
“Já tivemos importantes avanços fruto desta mesa, mas os dados comprovam que ainda há muito o que fazer para termos um ambiente de trabalho mais inclusivo e igualitário. E, como estamos em um momento importante, de renovação da CCT, essa é a hora de transformarmos esse debate em efetivas conquistas para a categoria”.
Fonte: CUT Brasil