Apesar da posição calamitosa, número de mortos diminuiu entre 2022 e o ano passado
O Brasil é o segundo país no ranking da quantidade de defensores do meio ambiente mortos no ano passado, segundo estimativa da ONG internacional Global Witness publicado nesta terça-feira (10). No mundo, o total de vítimas entre 2021 e 2023 subiu para 2.106. No ano passado, foram 196 mortos, dos quais cerca de 50% eram indígenas.
Os casos se concentram em quatro países que respondem por cerca de 70% dos assassinatos: Colômbia, Brasil, Honduras e México. O primeiro é o país mais letal do mundo, com 79 mortes registradas em 2023, o que representa o total anual mais alto para qualquer país já documentado pela Global Witness desde 2012.
O Brasil aparece em segundo lugar, com 25 assassinatos, somando 401 defensores mortos entre 2021 e 2023. Em 2022, foram 34 mortos. O país é seguido por Honduras e México, cada um com 18 mortos.
A instituição afirma que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “enfrentou grandes expectativas para reformar as políticas regressivas introduzidas por seu antecessor, Jair Bolsonaro, cuja presidência foi caracterizada por leis que abriram a Amazônia para exploração e destruição”.
“Essas políticas alimentaram invasões ilegais de terras indígenas e enfraqueceram os planos do país para reduzir as emissões. Até o momento, houve progresso. O governo restaurou o financiamento para proteger a Amazônia e restabeleceu a agência de assuntos indígenas que Bolsonaro desmantelou”, completa o relatório.
A agência, no entanto, reconhece que os avanços ainda enfrentam um “Congresso conservador dominado por ruralistas, que apoiam os interesses dos proprietários de terras privadas em detrimento da reforma agrária pública”.
Ainda que seja difícil encontrar a relação entre o assassinato e área de atuação do defensor, a Global Witness identificou que a mineração é um dos principais motivos das mortes, à frente da pesca, extração de madeira, agronegócio, estradas e infraestrutura e energia hidrelétrica.
No ano passado, 23 dos 25 assassinatos de todo o mundo relacionados à mineração foram registrados na América Latina. No triênio 2021-2023, 40% deles ocorreram na Ásia, que têm grandes reservas de minerais.
Nonhle Mbuthuma, autor do prefácio do relatório e ganhador do Prêmio Goldman de Meio Ambiente 2024, afirma que “em todos os cantos do mundo, aqueles que se atrevem a expor o impacto devastador dos setores extrativistas – desmatamento, poluição e apropriação de terras – enfrentam violência e intimidação”.
“Isso é especialmente verdadeiro para os povos indígenas, que são essenciais na luta contra a mudança climática, mas são alvo de ataques desproporcionais ano após ano. No entanto, a brutalidade desses ataques revela algo profundo: o poder que as pessoas comuns exercem quando se unem pela justiça”, afirma.
Edição: Nathallia Fonseca
Fonte: Brasil de Fato