Na última segunda-feira (29 de abril), parte do Centro Cultural Kaingang de Londrina foi consumido pelas chamas durante a madrugada. As suspeitas iniciais apontam para um curto-circuito como possível causa do incêndio que resultou na perda de móveis, roupas e outros pertences. Felizmente, não houve feridos.
O cacique responsável pelo espaço, Renato Kriri, aponta que, atualmente, o Centro se encontra em condições precárias de moradia devido à falta de investimentos e assistência por parte das autoridades governamentais.
“O Centro Cultural está tudo esburacado, é cobertura chovendo, não tem nada trocado, não tem reforma, ninguém reforma. O poder público tem que dar segurança, além de segurança, dar as condições boas, atender a necessidade da comunidade, mas não tem isso”, diz a liderança.
Kriri também denuncia a falta de cumprimento de promessas antigas de reforma e ampliação do Centro Cultural Kaingang. Ele destaca um documento oficial da prefeitura, datado de 2011, que prometia recursos para essas melhorias, mas que, até hoje, não foram realizadas.
“Havia um plano para reformar e ampliar o Centro Cultural, com a presença do cacique, do Conselho Indígena do Paraná, do prefeito, da antropóloga dos Kaingang e de outros envolvidos. Durante uma reunião no saguão da prefeitura, o prefeito Barbosa anunciou que havia 450 mil reais disponíveis para essas obras, conforme registrado em documento oficial na diária da prefeitura. No entanto, nada foi feito desde então – nenhum tijolo foi comprado, e as prometidas reformas e ampliações não vieram”, explica o líder.
Renato lamenta a falta de transparência e diálogo por parte das autoridades, mencionando a ausência de representantes indígenas nas discussões e decisões que afetam diretamente suas comunidades. Essa falta de inclusão e participação das comunidades indígenas nas tomadas de decisão contribui para a perpetuação das desigualdades e marginalização desses grupos, além de dificultar a busca por soluções eficazes para os desafios enfrentados.
“Quando criticamos os indígenas, questionando seus modos de vida. É importante observar o contraste com certos privilégios de outros grupos sociais. Vejo casas luxuosas à beira de rios, onde os peixes são capturados e entregues diretamente dentro das residências. Isso é aceitável apenas porque há dinheiro envolvido, enquanto os pobres, incluindo os indígenas, enfrentam a corrupção e a falta de assistência governamental”, finaliza.
Como ajudar
Para reconstruir os dois barracos destruídos pelo incêndio, o Centro Cultural Kaingang solicita doações de materiais essenciais como estacas, vigas, ripas e tábuas de madeira, além de itens domésticos como fogão, panelas, pratos e utensílios de cozinha. Também são necessárias doações de alimentos, roupas de cama, cobertores e outros itens de vestuário.
As contribuições podem ser em dinheiro através do PIX 43996633942, nome Renato Kriri. Para o encaminhamento de recursos no local, entre em contato com o cacique Renato Kriri através do mesmo número de contato 43 996633942.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão