Jovem, de 21 anos, recebeu questionário com perguntas que a deixaram constrangida. Polícia vai investigar o caso. Em nota, a PUC disse que repudia o preconceito dentro e fora dos seus espaços acadêmicos e que vai apoiar a estudante.
Uma jovem, de 21 anos, foi vítima de intolerância religiosa na faculdade após ser aprovada no curso de medicina, em Londrina, no norte do estado. Segundo ela, os ataques começaram quando recebeu um questionário dos veteranos com perguntas que a deixaram constrangida.
As respostas deveriam ser feitas em vídeo e a primeira determinação era tomar, em apenas um gole, uma bebida alcoólica. Depois, além das perguntas, a jovem teria que responder algumas de caráter sexual.
“Eu não bebo, nunca bebi, na minha família ninguém bebe.[…] Eu não acho certo brincar com essas coisas, tocar num assunto que ao meu ver, na minha crença, é algo sagrado, não tem graça”, disse.
As perguntas ficaram sem respostas, segundo ela, por questões religiosas. Então, por conta disso, ela foi xingada com ofensas pelos veteranos em uma rede social. A partir daí, o sonho se tornou um pesadelo para a vítima.
“Foi sempre o meu sonho, né, cursar medicina, e do nada parece que virou um pesadelo porque eu sempre gostei de participar das coisas, de interagir, de fazer amigos e ser recebida dessa forma me deixou com medo”, disse.
Nas ofensas os estudantes escreveram: “Insuportável, vacilona, chata, burra e santidade”, como forma de deboche. Eles também falaram que as pessoas da religião dela são um “lixo”.
Também nos textos pedem para que “deixe rodar a vaga”, insinuando que abandonasse o curso.
“Eu achei isso um absurdo, falarem pra uma colega que acabou de entrar na faculdade. Medicina é um curso muito difícil, as pessoas sabem como é o processo, eles passaram por isso e falar que eu deveria deixar rodar a vaga pegou pesado, e pensei: ‘Nossa, eu vou entrar numa faculdade que os meus veteranos não me querem lá'”, falou.
Em nota, a Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) informou que repudia todo preconceito dentro e fora dos seus espaços acadêmicos e que vai apoiar a estudante, além de medidas “cabíveis” contra a situação.
Aprovação
A jovem foi aprovada na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC) de Londrina pelo sistema Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas de estudo em faculdade de universidades particulares.
Ela conseguiu a bolsa parcial, com 50% de desconto e terá que pagar metade da mensalidade, cerca de R$ 5.700. O valor, de acordo com a aluna, será financiado pela família.
“Eu sei que na minha sala vai ter pessoas boas e eu vou procurar ficar perto delas, então o resto não importa, porque a minha vontade de fazer esse curso é muito maior”, completou.
A inspiração em seguir na carreira partiu da prima, que é médica, então, resolveu investir. “O resto não importa, porque a minha vontade de fazer esse curso é muito maior”.
A estudante registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) sobre a situação e será ouvida nos próximos dias, além dos suspeitos envolvidos.
Fonte: G1