População e entidades da saúde estão convidadas a proporem novos caminhos neste sábado
Com a intenção de discutir o quadro da dengue em Londrina, a diretoria do Centro de Direitos Humanos (CDH) convoca, para amanhã (sábado, 15), reunião com os representantes do sistema de saúde pública da cidade.
O objetivo da reunião é reavaliar a política que o Secretário da Saúde, Felipe Machado, está empregando no combate à dengue em Londrina e propor ações que melhorem a qualidade do atendimento na rede de saúde pública da cidade.
Para Maria Giselda de Lima Fonseca, assistente social e coordenadora geral do CDH, o poder público não assume o seu verdadeiro papel no enfrentamento da dengue.
“Muitas pessoas procuram a rede de saúde, as vezes ficam até dez horas esperando. Isso não pode acontecer, porque o próprio poder público sabe que, nessa época do ano, a possibilidade de um aumento de casos de dengue é maior. Mas não se toma nenhuma providência, no sentido de já se preparar para o atendimento das pessoas vitimadas por essa doença, que é evitável”, disse Giselda Fonseca.
O maior período de transmissão da dengue coincide com o verão. A intensificação das chuvas e altas temperaturas facilitam o desenvolvimento de criadouros, favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Mas a preocupação não pode ficar restrita ao verão. Isso porque o mosquito da dengue continua a depositar seus ovos – que podem aguentar até 450 dias em ambiente seco – em outras épocas do ano.
Entendesse como essencial uma campanha anual de conscientização no combate a proliferação do mosquito da dengue, mas não é o que acontece no município. “Nós temos que fazer campanha para alertar a população, para que faça sua parte com os cuidados dentro de casa. Uma campanha permanente em todas os bairros de Londrina. Temos que pensar juntos o que pode ser feito em relação a esse trabalho preventivo, para que não aconteça no ano que vem de mais pessoas perderem a vida, como já perdemos em Londrina”.
De acordo com o último relatório epidemiológico sobre a situação da dengue em Londrina, divulgado ontem (13) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a cidade totaliza quatro óbitos provocados pela doença e 2.758 casos positivos, considerando desde o início do ano até ontem, dentre um total de 17.952 notificações.
“Esperamos que cada um faça a sua parte, mas também sabemos que se o poder público não assumir o seu papel, não assumir de linha de frente, a população acaba não assumindo também”, complementou.
A coordenadora ainda comentou que, quando a situação da dengue na cidade passa para nível crítico, sobrecarregando a rede de saúde, Felipe Machado cria situações emergenciais, como as UPAS, para atender a população.
Mas Fonseca negou a necessidade de abrir UPAs específicas, tendo em vista que as Unidades Básicas de Saúde são portas de entrada para a população. “Nós sabemos que isso não resolve, nós não concordamos. Até porque é muito difícil uma pessoa sair lá do outro lado da cidade, doente, com febre, ir de ônibus até a UPA. A nossa defesa é que todas as unidades básicas de saúde sejam liberadas com profissionais capacitados para atender toda a sua população ao seu redor e não em um lugar específico.”
Combate contínuo
A reunião também tratará de propostas voltadas para a prevenção: “Não adianta só trabalhar na hora que a dengue já está atacando e matando todo mundo. Sabemos que é um trabalho do ano inteiro, não é um trabalho de dois ou três meses. Nós vamos discutir isso com as autoridades”
A reunião será às 9h, no Centro de Pastoral, localizado na rua Dom Bosco, número 145. O DCH convida qualquer pessoa que defenda um atendimento de qualidade na área da saúde pública londrinense ou que deseje tirar dúvidas em relação ao enfrentamento da dengue.
Estão convidados o Secretário da Saúde Felipe Machado, os diretores-gerais do Hospital Zona Norte e Zona Sul, Hospital Universitário, Hospital Evangélico, Hospital Santa Casa, além dos membros do Centro de Direitos Humanos e do Conselho Municipal de Saúde, para que juntos possam propor um encaminhamento e garantir o melhor atendimento para as pessoas atingidas pela dengue.
“Para que não passem pelo que estão passando nessa questão de espera, falta de medicamento e falta de atendimento imediato. Uma pessoa que está com dor, não pode ficar dez horas esperando para ser atendida, precisa ser de imediato. Não é uma simples dorzinha, não é uma simples febre, é uma doença que causa bastante transtorno”, finaliza.
Matéria da estagiária Victoria Luiza Menegon, sob supervisão.