Proposto pela vereadora Giorgia Prates, tem previsão para ser inaugurado em janeiro de 2024
Em uma votação histórica, foi aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba nesta segunda-feira (07/08) a sugestão ao executivo para a criação do Centro de Referência Afro Enedina Alves Marques (CREAM). A proposta, apresentada pela vereadora Giorgia Prates (PT), já havia sido discutida com o prefeito Rafael Greca e a primeira dama Margarita Sansone e foi acolhida por unanimidade pela Câmara, marcando um importante passo para o enfrentamento do racismo e da intolerância religiosa na cidade.
“Ao executar um projeto dessa importância, Curitiba tem a oportunidade de reconhecer, do ponto de vista legal, não só as injustiças históricas cometidas contra a população negra, como de ser exemplo nacional na promoção da igualdade, podendo influenciar, inclusive, outros municípios e estados brasileiros”, declarou Giorgia Prates durante a votação.
Com o cenário preocupante de um aumento nas denúncias de casos de racismo na região, o CREAM assume um papel decisivo no planejamento e implementação de políticas públicas que visam combater o racismo estrutural e institucional em Curitiba. Dados do Ministério Público do Paraná (MP-PR) revelam que, entre 2021 e maio deste ano, foram instaurados 144 inquéritos policiais relacionados a atos de discriminação racial na cidade, evidenciando a urgência da ação.
Funcionamento do CREAM
O Centro, que receberá o nome em homenagem a Enedina Alves Marques, primeira mulher a se formar em engenharia no Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil, terá gestão democrática e participativa, com um conselho gestor horizontal e controle social popular.
Dentre as suas principais atividades, o CREAM irá receber, encaminhar e acompanhar denúncias de discriminação racial e intolerância religiosa, oferecendo um atendimento multidisciplinar às vítimas por meio de profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica, pedagógica e de saúde.
“Nosso objetivo é proporcionar acolhimento, apoio e empoderamento para aqueles que enfrentam diariamente as consequências das desigualdades raciais e promover uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária para todos os curitibanos”, explica a vereadora.
Além disso, o Centro desempenhará um papel crucial na promoção da igualdade racial através de campanhas, materiais informativos, cursos, palestras e formações sobre combate ao racismo, e também contará com um acervo audiovisual e bibliográfico dedicado ao tema.
Um aspecto relevante sobre o projeto é que ele prevê que, no mínimo, 80% da equipe técnica do CREAM seja composta por pessoas negras, o que assegurará a representatividade e a sensibilidade necessária para compreender as questões a serem enfrentadas.
Previsto para ser instalado em um imóvel cedido pela prefeitura, localizado na Rua Paula Gomes, a inauguração do Centro está planejada para o dia 13 de janeiro de 2024, data simbólica em comemoração ao aniversário de Enedina Alves Marques
Fonte: BdF Paraná