Encontro deste sábado (25) faz parte do curso Oficina de Cinema Popular e terá a participação do cineasta kaingang Cleber Kronun
O curso de Oficina de Cinema Popular realiza, neste sábado (25), uma palestra sobre Cinema Indígena, com a participação do cineasta kaingang Cleber Kronun, que também é coordenador do Centro de Memória e Cultura Kaingang (CMCK) em Londrina. Aberto ao público em geral, o encontro inicia às 16h na Associação Ciranda da Cultura, que fica na Rua Vicente Quessada Agea, Conjunto Avelino Vieira.
O projeto de Oficina de Cinema Popular é uma iniciativa do Coletivo de Cinema Negro (COCINE), desenvolvida com o objetivo de oferecer um curso de introdução à produção cinematográfica, focando no campo do cinema documental e popular como um espaço de participação e realização coletiva. Tem patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e integra o Programa Fábrica – Rede Popular de Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).
Além de pesquisador e documentarista da cultura kaingang, Cleber Kronun já desenvolveu trabalhos como fotógrafo, roteirista, editor e cinegrafista. Produziu o roteiro e atuou como câmera para o longa-metragem “Ẽg ῖn: nossa casa” (2016), e também dirigiu, filmou e editou o curta-metragem “As Marcas Kaingang” (2018). Essas e outras produções podem ser conferidas on-line, pelo site do CMCK.
Kronun contou que seu interesse pela cultura indígena, em especial a kaingang, foi despertado desde criança. E muito disso se deve pelo fato de que ele residia na Terra Indígena do Apucaraninha, onde muitos ainda falam a língua materna e preservam outros traços culturais. “Lá, as lideranças criaram um escritório para sediar os encontros e reunião da comunidade. Com o passar do tempo, decidiram criar nesse escritório o Centro de Memória e Cultura Kaigang, onde os professores não indígenas deram uma aula de audiovisual para a comunidade”, lembrou.
Essas atividades com audiovisual iniciaram no CMCK em 2015, e Kronun ingressou no grupo no ano seguinte. “Eu ainda não tinha conhecimento sobre o cinema, mas com esses professores ensinando aprendi sobre as tecnologias. E, para mim, a tecnologia é a nossa ferramenta de luta dos povos indígenas. Não deixamos de ser indígenas por trabalhar com essas ferramentas, é algo que só nos fortalece, por ser um meio de divulgar nossa cultura”, frisou.
Sobre a palestra de sábado (25), o coordenador do CMCK reforçou a importância de o tema ser levado para que a população não indígena conheça as produções dos povos originários. “Temos que ocupar nossos lugares como indígenas. Nossos documentários estão no YouTube e outras redes sociais, para divulgar entre os não indígenas, cuja maioria critica os povos indígenas sem conhecer nossa realidade. Fizemos esses documentários para diminuir o preconceito que sofremos. Essa comunicação fortalece nossa cultura, e temos que mostrar ao público como é a vida do indígena, isso é muito importante”, disse.
O palestrante pretende contar aos participantes sobre a sua inserção nas produções audiovisuais, especialmente no cinema, e como se deu o seu aprendizado com os equipamentos. “Estou muito feliz em participar desse encontro. Os não indígenas têm muito o que aprender conosco, e nós, indígenas, temos que aprender com vocês”, complementou.
Segundo o integrante do COCINE, Wellington Victor, a palestra sobre Cinema Indígena foi definida como uma proposta para pensar o fazer cinema em outras linguagens e perspectivas. “Consideramos que é de extrema importância conhecer o cinema feito pelo Kronun e entender o cinema kaingang por meio de seus próprios realizadores, e a partir de suas próprias intencionalidades, uma vez que eles têm sua própria voz e a capacidade de se fazer ouvir, tendo as técnicas e as ferramentas necessárias para isso”, afirmou.
Victor acrescentou que essa palestra faz parte das atividades complementares do curso de Oficina de Cinema Popular, e outras duas já estão programadas para os próximos meses. “Teremos mais duas palestras, uma em abril, sobre o tema História e Memória, com o professor de história da Universidade Estadual de Londrina, doutor Rogério Ivano. E a última palestra será em maio, sobre o tema Cinema Negro, com o Ari Cândido Fernandes, um cineclubista e cineasta londrinense, que, infelizmente, ainda é pouco reconhecido na cidade”, finaliza.
Fonte: Blog Londrina