O Hospital Veterinário Municipal começará a atender nesta terça-feira (13), às 9h, na avenida Prefeito Faria Lima, 844, na zona oeste de Londrina. A estrutura, que será gerida pela terceirizada CHC Saúde Única – empresa de Itajaí (SC) -, será exclusiva para pessoas de baixa renda do município. Ou seja, os atendimentos serão disponibilizados apenas para aqueles que não têm recursos financeiros para arcar com as custas.
O diretor-presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), Neto Almeida, enfatizou que quem tentar burlar o sistema de cadastro prévio deverá ressarcir o município. No local, haverá uma triagem para confirmar as informações do tutor do animal.
“Será para quem estiver inscrito em programas do governo federal, tendo que fazer a comprovação para receber o atendimento. Também será para protetores cadastrados no município e para ONGs [Organizações Não Governamentais]. Não adianta nada uma pessoa com poder aquisitivo tentar burlar o sistema. Caso comprovado, ela vai ter que ressarcir”, explicou.
Mesmo tendo horário delimitado para atendimentos comuns das 9h às 17h, o Hospital Veterinário funcionará 24h por dia para urgência e emergência. Caso alguém encontre, por exemplo, um animal atropelado e quiser levá-lo, ele será atendido. Haverá também a área clínica para atendimentos de rotina e o programa de adoção. A ideia, segundo Almeida, é que os animais albergados sejam adotados após recuperação.
A diretora operacional do hospital, Thaynara Pacheco, ressaltou que o segundo andar terá estrutura para acomodar os médicos que estiverem de plantão, com camas, banheiro e cozinha. Além disso, os 350 m² de área construída terão raio x, mesa cirúrgica, aparelho de ventilação, tapetes aquecidos e instrumento de aplicação de anestesia inalatória.
Segundo ela, qualquer previsão sobre o número de animais atendidos por mês é precipitada, mas estima-se cerca de 700 atendimentos mensais, podendo esse número “ser ultrapassado facilmente”. “Muitas vezes, a gente passa a agenda de 30 a 40 atendimentos no dia, porém falta muita gente que marca e não vem e também há os atendimentos de urgência e emergência, que acabam passando na frente pela complexidade”, pontuou.
Pacheco também explanou que o local terá funcionamento clínico paralelo com atendimento cirúrgico. “Enquanto o médico veterinário estiver em operação, o outro estará fazendo atendimento clínico. Os veterinários que ficarem na parte da noite, no plantão, também cuidarão dos animais internados e dos abrigados.”
Outros atendimentos
O diretor-presidente da CMTU disse que os serviços relativos aos animais prestados pela entidade continuarão funcionando no município mesmo com a inauguração do hospital. “Nós continuaremos atendendo os casos de maus-tratos e com outros serviços, como o recolhimento de animais de grande porte e o recolhimento de carcaças.”
Almeida explanou que a fase inicial será de testes. A empresa terá que enviar relatórios mensais à Administração Pública para que balanços sejam feitos. “A ideia é que os primeiros 60, 90 dias sejam de monitoramento e fiscalização da CMTU para ver o que é possível trazer de novidades, seja ambulância ou algo que possa ser feito fora do hospital.”
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), também compareceu à inauguração. Ele declarou que o município é um dos mais avançados do Brasil na atenção à causa animal.
“É um grande passo que Londrina dá hoje no país. São pouquíssimas cidades que têm esse conjunto de ações: o castramóvel, os fogos de artifício com barulho proibidos, o resgate dos grandes animais, o banco de ração e agora o hospital. É uma semente que plantamos”, disse.
Trabalho facilitado
A inauguração do Hospital veterinário de Londrina foi vista por voluntários como uma ajuda essencial e histórica. Érica Bornia, fundadora do projeto Creche dos Anjos Peludos, comemorou a novidade, mas pontuou que o problema é muito mais amplo.
“Antes, a gente sofria muito. A ajuda era zero. [O hospital] É uma ajuda, mas não é tudo que Londrina precisa. Quem é da causa animal sabe que o problema não é só o animal, é a família que cuida dele. No entanto, como protetora, estou feliz.”
A Creche dos Anjos Peludos prestou serviços voluntários de 2011 a 2017 e foi fechada por dívidas financeiras. Segundo Bornia, somente ela deve mais de R$ 20 mil em clínicas veterinárias.
“Os resgates eram feitos [com recursos] do nosso próprio bolso. Tivemos quase 500 animais sob nossa guarda. Agora, pretendemos abrir novamente. Mas é necessário estudo, porque temos que trabalhar. Nós temos a nossa família. Não dá para fazer tudo”, concluiu a voluntária.
Fonte: O Bonde