Festival reforça o compromisso com a diversidade cultural em Londrina e reforça importância da luta antirracista
O Quizomba foi criado em 2005, com sua 1ª edição realizada em 20 de novembro, durante a Semana da Consciência Negra de Londrina. Desde o início, o Festival buscou integrar grupos que até então conviviam de forma marginalizada: escolas de samba, praticantes de religiões afro-brasileiras e um número crescente de universitários que começavam a mesclar seus estilos, migrando do rock para outros ritmos.
Desde a 1ª, o Quizomba atua em parceria com o Movimento Negro visando promover o acesso e a preservação das manifestações artísticas de matriz africana, combatendo a intolerância e o preconceito étnico-racial.
Kennedy Piau Ferreira, docente de Artes Visuais na UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que o Festival também nasceu com a missão de formar produtores culturais.
“O Quizomba nasceu de um projeto de extensão do Departamento de Arte Visual da UEL, em parceria com a Casa de Cultura da Universidade. Era um projeto para formar agentes e produtores culturais. Então, os alunos expunham a ideia, nós a transformávamos em projeto e, em seguida, o executávamos. Entre os projetos desenvolvidos, o Quizomba foi um dos que se destacou e continua até hoje”, diz.
O projeto completa 19 anos e a edição de novembro será a terceira realizada em 2024. “Nós fizemos uma 1ª edição em abril, focada nos povos originários, uma edição em julho, vinculada à questão da mulher negra, latino-americana e caribenha. E agora, essa última edição é a edição de aniversário de Quizomba, que foi criada em 2005, exatamente no dia 20 de novembro, dia de Zumbi dos Palmares, que é feriado nacional”, explica Piau.
Segundo Piau, a proposta do evento é viabilizar um ponto de encontro para pessoas que gostam de cultura tradicional, cultura popular brasileira, principalmente, de matrizes afro-brasileira e indígena.
“O Festival carrega uma forte convicção política de dar visibilidade para esse tipo de manifestação cultural brasileira e também de combater o racismo étnico-racial e fazer a promoção da diversidade, é um movimento cultural com um clima político muito nítido”, enfatiza o docente.
A edição de novembro do Quizomba é especialmente significativa, pois integra o calendário do Novembro Negro, uma programação que envolve diversos órgãos e projetos da UEL voltados para a promoção da diversidade e o combate ao racismo.
“Essa edição é bastante focada no mês da consciência negra. Inclusive ela faz parte do calendário novembro-negro UEL, que é uma articulação de vários órgãos e projetos da universidade que trabalham com a questão da promoção da diversidade e do combate ao racismo”, ressalta Piau.
Programação
Ainda, o professor destaca que as expectativas da organização para esta 3ª edição do Festival são as melhores possíveis.
“A gente começa, dia 6, no Ouro Verde, com a apresentação do BAC de Maracatu e, em seguida, uma fala de lideranças do movimento negro representativas, que dialogam com a questão da cultura. Depois, será exibido um filme produzido em Londrina sobre a obra de Lima Barreto, com participação de atores, atrizes e produtores locais, marcando uma abertura ampla que inaugura oficialmente o Novembro Negro da UEL”, explica.
No dia 7, quinta-feira, às 19h, haverá uma roda de conversa no CCH (Centro de Ciências Humanas), na Sala de Eventos, para discutir as relações entre cultura negra, resistência e a diáspora africana.
“Acredito que será um debate importante, com a presença de Fanta Konatê, uma artista da Guiné, que estará conosco ao longo do Festival”, acrescenta Piau.
A programação segue na sexta e no sábado com uma oficina de dança africana e percussão também com Fanta Konatê e seu grupo. “É uma oportunidade de quem gosta de dançar, de quem gosta de tocar, de a gente ir agregando saberes com esses mestres que têm vindo ao festival”, comenta.
Para o domingo, dia 10, Piau compartilha a expectativa de um “dia lindo após uma semana um pouco chuvosa”. As atividades começam com o Quizombinha às 18h, uma série de atividades culturais e recreativas voltadas para as crianças.
“A gente tem uma preocupação muito grande para ser coerente com a cultura tradicional, uma atividade que seja de lazer, que seja cultural, que seja inteligente, que seja instigante, e que a família toda pode sair junta. Então se você tem criança leve no Quizombinha, e depois a gente começa a parte artística mais para adulto, com o grupo de forró, com música africana“, destaca o professor.
“É uma atividade que oferece lazer e cultura de forma inteligente e instigante, onde toda a família pode participar. Se você tem criança, leve para o Quizombinha”, ele acrescenta.
A noite continua com apresentações para o público adulto, incluindo um grupo de forró e música africana, compondo uma festa vibrante e saborosa, em que o público é sempre uma parte essencial desse processo de celebração e resistência cultural.
Mais informações sobre a programação estão disponíveis no Instagram oficial do evento, aqui:
Matéria pela estagiária Fernanda Soares sob supervisão.