Promotor também confirmou que dupla estaria usando sede da Rotam, na zona norte, para esconder drogas, armas e munições de origem
O coordenador do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Londrina, promotor Jorge Barreto da Costa, repassou, em entrevista à CBN nesta terça-feira (20), detalhes da investigação feita pelo Ministério Público (MP), em parceria com a Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM), envolvendo dois policiais que teriam cobrado R$ 10 mil de propina de um traficante para não prendê-lo em flagrante na cidade. O caso é do ano passado e passou a ser investigado pelo Gaeco após o recebimento de uma denúncia. Segundo o promotor, a vítima dos agentes, que já tinha diversas passagens pela polícia, teria sido abordada por eles em um estabelecimento comercial de sua propriedade. Os policiais teriam feito a ameaça e marcado um horário para o pagamento da propina, composta pelos R$ 10 mil em dinheiro e também por uma arma de fogo. Mas, segundo o promotor, os PMs tiveram que atender uma ocorrência na hora marcada, e a vantagem indevida não foi concretizada.
Apesar disso, a investigação teve continuidade, uma vez que a tentativa de suborno já configura o crime de concussão, que é quando o agente público se utiliza da função que ocupa para tirar algum tipo de vantagem. Um inquérito policial militar também foi instaurado. Tanto é que os mandados de busca e apreensão cumpridos pelo Gaeco nesta terça foram expedidos pela própria Justiça Militar. De acordo com o promotor, as equipes apreenderam dinheiro sem procedência e celulares nas residências dos policiais. A sede do pelotão da Rotam do 30º Batalhão da PM, na zona norte, também foi alvo de uma das ordens judiciais. Por l
á, as equipes encontraram diversas armas de fogo, entre elas uma submetralhadora de fabricação caseira, munições, incluindo de fuzil, porções de maconha, cocaína e crack e material usado para embalar e pesar a droga. Todo o material ilícito, segundo o promotor, estava escondido no pelotão.
O Gaeco vai investigar se o material apreendido foi desviado pelos policiais, já que se tivessem sido apreendidas durante o plantão, as armas, as drogas e as munições deveriam ter sido encaminhadas para a Polícia Civil para a lavratura dos boletins de ocorrência e abertura de eventuais investigações. Ou seja, não há justificativa plausível para a presença de todo esse material em um pelotão da Polícia Militar. O promotor também não descartou a possibilidade de mais policiais estarem envolvidos no esquema. Caso as irregularidades fiquem comprovadas, os agentes poderão responder criminalmente pela concussão e por improbidade administrativa na esfera cível.
Apesar das acusações, os dois policiais investigados não foram afastados das funções. Um deles continua na Rotam do 30ª Batalhão e, inclusive, estava no pelotão no momento do cumprimento da ordem judicial. O outro trabalha atualmente no 5º Batalhão da PM, também em Londrina. Em comunicado enviado à imprensa, o comando do 30º Batalhão confirmou que acompanhou a realização das buscas e garantiu que todas “as circunstâncias serão apuradas, na forma da lei”. O promotor do Gaeco disse que as investigações vão continuar, e que o esquema pode ter feito outras vítimas.
Fonte: redação CBN Londrina