Para funcionários, que ficaram sem reajuste da inflação neste ano, empresa ‘deu de ombros’
Nesta segunda-feira, 23 de dezembro, a Copel vai entregar um presentão de Natal para seus acionistas. A empresa irá depositar na conta corrente bancária de cada um “o pagamento de proventos extraordinários no montante de R$ 600 milhões”. O valor significa o excedente do lucro obtido neste ano e representa 50% do lucro líquido obtido até o fim do terceiro trimestre de 2024. Ou seja, R$ 1,2 bilhão.
O lucro vem justamente da privatização de Compagas e UEGA, somando R$ 430 milhões, e da venda de patrimônio em imóveis da Copel GeT, somando R$ 174,5 milhões.
A empresa já tinha feito outro agrado recentemente: uma declaração de proventos de R$ 485 milhões pagos em 29 de novembro. No último ano, o crescimento do lucro líquido consolidado foi de 176%.
Execução implacável
“Eu estou feliz em entregar esses resultados para nossos acionistas. Esses dois movimentos (venda das estatais e imóveis) representam mais um exemplo da nossa execução de negócio implacável. Em linha com nossas práticas e linhas de dividendos, declaramos proventos de 485 milhões a serem pagos em 29 de novembro com um payout de 50%”, disse o CEO Daniel Pimentel durante conferência de resultados. Ele comemorou também a demissão de 1,2 mil funcionários.
Nem lembrancinha
Um mês depois do presentão para os acionistas, em 23 de janeiro de 2025, a empresa volta a se reunir com os funcionários para discutir a atrasada data-base. Neste ano, todos ficaram sem reajuste, sem abono ou qualquer agrado.
Segundo os coletivos sindicais, a representação da empresa no processo negocial continua a manter sua postura reticente, displicente e desinformada sobre a importância dos trabalhadores e das conquistas de tantos anos de luta; isto se reflete na falta de avanços significativos e num impasse que continua, trazendo a lógica privada para um serviço essencial a toda a sociedade paranaense.
A Copel teve Redução de custos com Pessoal e Administradores de 11,2%. Reflexo da saída de 1.258 empregados em 14 de agosto pelo PDV.
Segundo o presidente do Senge-PR Leandro Grassmann, “enquanto desejamos a todos e todas um final de ano repleto de paz, alegrias e esperança, reforçamos a necessidade de começarmos 2025 com determinação e força para continuar essa luta. A incerteza do cenário não pode abalar nossa vontade de fazer a diferença. Nada nos foi dado de graça, e o futuro de nossos direitos depende da nossa disposição em lutar”.
Queda de eficiência
Se de um lado, a Copel dá presentes para seus acionistas, do outro, tem entregue serviços cada vez piores à população. A empresa tem sido alvo de diversos questionamentos e cobranças até na ANEEL. Segundo a deputada Luciana Rafagnin, em um comparativo dos últimos dez anos (2013-2023), a Copel caiu da 15ª para a 25ª posição entre as 29 distribuidoras avaliadas, figurando hoje entre as cinco piores do país. Os dados são da própria ANEEL e constam em um ofício que a parlamentar encaminhou ao órgão regulador.
“Os dados do DGC dos últimos dez anos evidenciam uma ineficiência estrutural na prestação do serviço. Embora seja reconhecido que fatores climáticos podem impactar o fornecimento de energia elétrica, é evidente a ineficiência da Copel de mitigar tais impactos, o que prejudica gravemente os consumidores paranaenses”, conclui a parlamentar.
Fonte: Jornal Plural