Copel dá 600 milhões aos acionistas enquanto só quer pagar inflação aos funcionários
A Copel tem boas notícias para os seus acionistas e péssimas para os seus funcionários. Em meio à negociação da data-base, a empresa apresentou fato relevante em que anuncia o pagamento de R$ 600 milhões a título de dividendos. O montante representa praticamente a metade do lucro líquido registrado neste ano (R$ 1,21 bilhão).
Por outro lado, aos funcionários, após propor apenas a reposição da inflação, ameaça os trabalhadores com o fim da garantia da data-base. Em assembleia conjunta, 92,61% dos funcionários resistiram a ameaças e decidiram por negar a proposta, solicitando a reabertura da mesa de negociação. Atualmente a empresa tem 4426 trabalhadores próprios e 3252 votaram
O anúncio de repassar R$ 600 milhões aos acionistas aconteceu no dia 25 de novembro, na véspera do Copel Day.
Em fato relevante, “comunicou aos seus acionistas e ao mercado em geral que seu Conselho de Administração aprovou, nesta data, o pagamento de proventos no montante de R$ 600 milhões, relativos a Juros sobre Capital Próprio (“JCP”)”, disse Felipe Gutterres, vice-Presidente de Finanças e de Relações com Investidores.
O pagamento do provento será realizado em 23/12/2024 com base na posição acionária constante nos registros da Companhia ao final do dia 11/12/2024.
Esse pagamento milionário ocorre dentro da política de negócio que visa maximizar a distribuição dos lucros. No evento voltado ao mercado financeiro, os executivos da empresa anunciaram um “Plano de recompra de ações e dividendos de até 10% ON e PNB no prazo de 18 meses” que teve efeito imediato na Bolsa de Valores. Além disso, anunciou a venda de 13 usinas com retorno estimado de R$ 450 milhões.
A empresa ainda anunciou a implementação da “Cultura de dono, de resultados e de meritocracia” para seus funcionários. Neste modelo se implementa “uma mentalidade que estimula os colaboradores a se esforçarem para o bem da empresa como um todo. Os funcionários com essa atitude agem como se a empresa lhes pertencesse, assumindo a responsabilidade pelos resultados e buscando soluções para problemas”.
Gestão de clima ruim e recusa da proposta
Os anúncios positivos ao mercado contrastam com a relação com os funcionários. Antes da assembleia da categoria que deliberou sobre a proposta de acordo coletivo de trabalho, a empresa enviou comunicado informando que a recusa não garantiria mais a data-base.
“Caso não haja mais possibilidade de negociação, não há prorrogação da carta de garantia de data-base e, até que haja decisão sobre o dissídio, os benefícios no ACT não têm mais garantia de validade”, sentenciou a empresa.
Mesmo assim, em assembleia apresentada pelos coletivos sindicais que representam a categoria, a decisão foi de negar a proposta. Representantes dos sindicatos argumentaram que o reajuste “foi oferecido para parte dos empregados. Ela divide quem ganha até R$ 6 mil com quem ganha mais, adotando outro modelo. Ela quer praticar reajuste em nível de staff e gerência ao bel prazer”, dizem. Também criticaram o assédio moral para aprovar a proposta.
VOTANTES: 3252 Copelianos
- Não 3012 (92,61%)
- Sim 234 (7,19%)
“A empresa manda e-mail que consideramos uma ameaça. Se não aceitar a proposta, não tem mais negociação e retira a carta de garantia da data-base. Isso é assédio moral. A empresa não pode fazer isso e vamos levar para os órgãos competentes. Não vamos aceitar chantagem”, disse Claudeir Fernandes, do Sindicato dos Eletricitários de Maringá e Região.
Com a recusa da proposta, os coletivos sindicais estão notificando a comissão de negociação. Se ela se negar a receber as entidades, o Ministério Público do Trabalho deve ser acionado. Mantida a recusa, os sindicatos avaliam paralisação de um dia ou até mesmo greve.
“Se a empresa se negar a valorizar e negociar, nós vamos chamar a categoria. Mas isso quando se esgotar todos os caminhos da negociação”, orientam.
Fonte: Jornal Plural