“Me sinto humilhado, um misto de raiva e de fragilidade por não saber como reagir. Desejo que ela assista ao vídeo e reflita bastante. Minha mãe me vendo ser discriminado enquanto eu estava apenas fazendo meu trabalho, é uma humilhação para minha família também”, desabafou a vítima.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando uma defensora pública aposentada acusada de de injúria racial em Itaipu, Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O caso aconteceu no último sábado (30) e ganhou notoriedade após um vídeo, gravado pela própria vítima, circular pelas redes sociais.
Dois entregadores contam que estavam fazendo entrega para um site de vendas em um condomínio de luxo e, por volta das 15h30, estacionaram a van na frente a uma casa, e que houve uma discussão com a dona dessa casa.
Segundo o entregador e assistente Jonathas Mendonça, a mulher teria pedido para que o veículo fosse retirado para que ela pudesse sair com seu carro e ele explicou que tinha que esperar o motorista. E aí ela começou a ofende-lo e chama o entregador de “macaco”.
E quando o motorista do veículo, Eduardo Peçanha Marques, voltou, as ofensas pioraram e ela começou jogar objetos na van e ele começou a filmar para se resguardarem caso o veículo sofresse algum dano.
“O que a gente tem sentido durante esses dias é algo que a gente não deseja para ninguém. Um sentimento de humilhação, misto de raiva, de a gente ser inofensivo diante dessas coisas que acontecem bastante no nosso dia a dia”, conta vítima Eduardo.
Segundo Joab Gama de Souza, advogado responsável pela defesa das vítimas, a mulher pediu que os trabalhadores tirassem o veículo da porta da casa dela para que pudesse sair com seu próprio carro. O motorista estava fora da van, e o colega dele informou que não poderia fazer a manobra porque não tinha carteira de motorista.
Começou, então, um bate-boca. Segundo Daniel Vargas, advogado da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional da Alerj, que acompanha o caso, a mulher tentou quebrar o vidro e o espelho retrovisor do carro e, por isso, um deles começou a filmar.
Foi quando ela, antes de entrar no carro e sair, chamou um dos entregadores, ambos negros, de “palhaço, otário, babaca, macaco”, de acordo com o registro. No vídeo, dá para ouvir claramente a palavra “macaco”.
“A senhora saiu da casa e já pediu que o entregador tirasse o carro imediatamente dali. O ajudante respondeu que ela precisaria esperar o motorista chegar, porque ele não tinha carteira de motorista. Na mesma hora, ela perdeu o controle e começou a ofender os dois. Em seguida, ela começou a jogar objetos na direção da van. Antes de entrar no carro, ela xingou o motorista de macaco e foi embora“, contou o advogado das vítimas Joab Gama de Souza.
A Polícia Civil, através da 81ª DP (Itaipu), já solicitou imagens de câmeras de segurança do condomínio Terra Verde e a mulher, identificada como Cláudia Alvarim Barrozo, foi intimada a prestar esclarecimentos na delegacia.
A Defensoria Pública do Rio informou que a mulher não atua mais como defensora pública e está aposentada desde novembro de 2016.
“A Defensoria Pública do Rio reitera que é absolutamente contrária a qualquer forma de discriminação e tem na Coordenadoria de Promoção da Equidade Racial (Coopera) e no Núcleo de Combate ao Racismo e à Discriminação Étnico-Racial (Nucora) ferramentas capazes de colaborar para a valorização de ações afirmativas“, diz a nota.
Fonte: Redação Pragmatismo