Parlamentar registra 43 ofensas e intimações em duas semanas
A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) é alvo de 43 ataques racistas, além de ameaças de morte e tortura direcionadas a ela e a sua família, nos últimos 15 dias. A parlamentar relatou à Polícia Legislativa (Depol), à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público Federal (MPF) ter recebido mensagens de ódio em seu e-mail institucional.
Um dos e-mails, que a deputada compartilhou com a reportagem do Brasil de Fato, contém uma mensagem explícita: “Se você não aprende no amor, vai aprender na dor, sua macaca fodida e eu vou te matar!”. A deputada também recebeu, no dia 14 de outubro, 38 mensagens com o título “Suicídio para mulher negra – Porque a mulher preta precisa morrer”, enviadas de diferentes endereços eletrônicos.
Além dessas mensagens repetitivas, as ameaças mais recentes incluem ataques racistas, intimidações de sequestro e declarações grotescas, como a promessa de “esmagar” a cabeça da deputada “usando uma máscara de porco”, além de ofensas de cunho sexual.
De acordo com a assessoria jurídica do mandato, as investigações podem se prolongar por até dois anos devido ao uso de endereços IP falsos, que dificultam a identificação dos autores. O jurídico do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) foi colocado à disposição da deputada, mas quem está atuando é a equipe do mandato.
“Esses ataques repetidos que recebo — com ofensas racistas, ameaças e discursos de ódio — têm se transformado em uma verdadeira tortura psicológica. Não são apenas palavras ao vento; são ataques calculados para me desestabilizar, minar minha saúde mental e me intimidar, na tentativa de calar uma voz que representa a luta de tantas outras pessoas que se levantam contra o racismo”, desabafa a deputada.
Carol Dartora também declarou que os ataques representam uma “afronta à minha trajetória como mulher negra e deputada federal”, além de serem uma “tentativa de frear a construção de um Brasil mais democrático, onde ninguém seja silenciado por sua cor, seu gênero ou sua luta”. Ela ressalta: “Mas é exatamente por essa realidade dolorosa que me fortaleço ainda mais para seguir na missão. Resisto, não apenas por mim, mas por todas e todos que acreditam que o ódio não pode triunfar sobre a justiça e a equidade.”
“Cada ataque me lembra do quanto nossa presença e voz incomodam, mas também de quanto elas são necessárias. Diante dessa tentativa de tortura psicológica, vejo a importância urgente de políticas públicas que enfrentem a discriminação e protejam quem se coloca na linha de frente por um país melhor. Não vamos recuar. A resistência é o que nos trouxe até aqui, e é ela que vai nos levar adiante. Mesmo diante de uma pressão esmagadora, seguimos firmes, lembrando que cada ato de coragem e cada palavra em defesa da justiça são o que alimentam a esperança de uma sociedade onde todas e todos possam viver sem medo, com dignidade e respeito”, acrescenta a deputada em nota compartilhada nas redes sociais.
Fonte: Brasil de Fato