Ontem (19), candidatos e candidatas que concorrem às três no Senado Federal pelo estado do Paraná no pleito de 2022, foram sabatinados em live promovida pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina com apoio do Portal Verdade e Rádio UEL FM.
Participaram do encontro: Dr. Saboia (PMN), Laerson Matias (PSOL), Roberto França (PCO), Desiree Salgado (PDT), Orlando Pessuti (MDB) e Professora Marlei Fernandes (PT), esta última representando a candidatura coletiva composta juntamente com Rosane Ferreira (PV) e Elza Campos (PCdoB). Alvaro Dias (PODE), Sérgio Moro (UB), Paulo Martins (PL) e Aline Sleutjes (PROS) foram convidados, mas não compareceram.
A entrevista foi mediada pelo jornalista Fábio Silveira e transmitida ao vivo pelo canal do Portal Verdade no Youtube. Os candidatos foram questionados sobre pautas relacionadas aos direitos e reinvindicações da classe trabalhadora. Foram realizadas quatro perguntas e os representantes tiveram três minutos para responder cada uma delas. As falas foram organizadas por ordem alfabética.
Precarização do trabalho e terceirização dos serviços públicos
Comumente, os candidatos presentes declaram-se favoráveis a revogação da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), principalmente, face ao cenário nacional marcado pelo alto índice de desemprego que atinge mais de 10 milhões de pessoas e recorde de informalidade, mais de 39 milhões de trabalhadores estão sem acesso a direitos como como 13º salário, férias, intervalo para descanso. Ambos os dados foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em agosto. Acompanhe a seguir algumas falas dos concorrentes acerca da precarização do trabalho e terceirização dos serviços públicos.
Desiree Salgado (PDT)
“Eu tenho uma preocupação com esta deformação que está sendo feita na Constituição brasileira desde a ruptura constitucional de 2016, com se construiu toda uma trajetória para fazer romper com o arcabouço de bem-estar social que tinha sido estabelecido. Então, a gente vai ver uma série de reformas que buscam afastar a consolidação de direitos sociais, ao contrário conquistas que foram sendo trazidas nos últimos anos, por diversas vertentes, inclusive, a questão do trabalho das empregadas domésticas [Proposta de Emenda à Constituição, PEC nº 72 de 2013] vão sendo desmanteladas. A gente vai ver que a reforma trabalhista vai atacar justamente o amago, a ideia da classe trabalhadora se defender coletivamente”, pontuou Salgado.
Dr. Saboia (PMN)
“Antes, os trabalhadores de mercadorias, sacadores, canavieiros, que trabalhavam com força física, tinham direito a aposentadoria especial a partir de 25 anos [de trabalho] e passou a ser 35. Eu sou médico, na minha profissão eu não faço força física. No entanto, um indivíduo que trabalha fazendo força física, eles não têm noção do que acontece na estrutura óssea, principalmente, na coluna vertebral. Eles tinham que voltar a ter essa aposentadoria especial porque, além do mais, ainda passam pela situação constrangedora quando tentam um benefício no INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], é uma maldade o que acontece ali, talvez por excesso de trabalho dos próprios peritos”, destacou Dr. Saboia.
Laerson Matias (PSOL)
“Temos que fazer a revogação desta reforma [trabalhista]. Temos que estimular a formalização porque uma vez formalizado, você tem acesso a previdência, a uma carta de direitos previstos na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. Hoje em dia, a classe dirigente apresenta números da economia referentes a crescimento, exportação, lucratividade. A gente tem que pensar em outro tipo de desenvolvimento que é também humano e social. Não é a saúde das empresas que tem que ser preservada, mas a saúde das pessoas”, argumentou Matias.
Orlando Pessuti (MDB)
“Eu penso que há sim a necessidade de rediscutirmos esta reforma administrativa porque na maioria das vezes desde que eu me conheço por gente, sempre que uma reforma é feita é para tirar direitos dos trabalhadores, benefícios. Ela procurar acertar o caixa do município, do estado, da União retirando conquistas dos trabalhadores. Mas é verdade também que com o passar do tempo precisamos nos atualizar. Então, é evidente que alguma mudança na questão de previdência seja feita, mas nunca para prejudicar o trabalhador. Sou favorável que tenhamos políticas econômicas voltadas para geração de emprego e renda”, indicou Pessuti.
Roberto França (PCO)
“Nós estamos aqui em defesa dos trabalhadores, a redução da jornada de trabalho é urgente. A gente tem que retomar toda a CLT de novo, reconstruir. Não tem nada de adaptação. Nosso partido é radicalmente contra a terceirização. Nenhum trabalhador pode ser terceirizado. Quem é trabalhador sabe o drama que ele vive. Ele produz riqueza para esse pessoal todo que controla. Nós somos a favor de nacionalizar as reservas de petróleo, cancelar todos os leilões do pré-sal e reverter este dinheiro para a educação”, observou França.
Professora Marlei Fernandes (PT)
“Nós defendemos o resgate total da soberania do país, das políticas sociais e de desenvolvimento. Este desmonte do trabalho vem desde o golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] em 2016. Esta reforma trabalhista desregulamentou o que construímos na Constituição [1988] e nos direitos sociais desde 1930, piorando a vida do trabalhador. Somos a favor da revogação desta reforma, da retomada de desenvolvimento do país através da indústria, da renda, taxação das grandes fortunas”, apontou Fernandes.
Os candidatos Laerson Mathias, Desiree Salgado e Orlando Pessuti também mencionaram a defesa de uma reforma tributária que desonere o consumo ao passo que tarife rendas maiores. De acordo com eles, com o estabelecimento de uma nova política fiscal será possível reduzir a concentração de renda, melhorando, assim, a qualidade de vida da população, sobretudo, das camadas mais vulneráveis.
A maioria dos candidatos também colocou-se como contrária à terceirização dos serviços públicos e a PEC nº 32 de 2020, mais conhecida como reforma administrativa. A determinação prevê alterações em diversos artigos que orientam a contratação e estabelecimento de direitos para servidores públicos em todos os níveis. Com ela, novos servidores não terão direito a promoção por tempo de serviço, licença-prêmio, férias superiores a 30 dias ao ano, por exemplo. Além disso, a jornada de trabalho e remuneração poderão ser reduzidas em até 25% em períodos de crise econômica.
Apenas os adversários, Dr. Saboia e Orlando Pessuti sugeriram que concordam com a contratação de trabalhadores para atuarem em órgãos públicos sem que haja necessariamente garantia de estabilidade e realização de concursos, respectivamente.
“Eu não sou favorável ao trabalhador, aquele que vai preencher uma vaga, principalmente, no serviço público, de ordem estatutária. O estatutário é um trabalhador que tem direitos de certa forma exagerada. Eu acho que o trabalhador tem que ser convocado por chamamento e por CLT, vai ter direito a todas as obrigações sociais, mas ele tem que saber trabalhar. Porque o trabalhador estatutário tem direitos que ele abusa e com isso ele não rende como deveria render. Ele pode cumprir o horário da maneira como ele quiser, ele pode atender da maneira que ele quiser porque ele tem direito adquirido. Então, é muito complicado, a nível de serviço público, que seja estatutário”, afirma Saboia.
“Por que o rapaz que corta grama do jardim da escola tem que ser servidor público? Não precisa. Por que o pintor ou carpinteiro que vai lá reformar um móvel tem que ser servidor público? Tem áreas dentro da educação que podem ser privatizadas. Temos que pensar no trabalhador que é servidor público e no trabalhador da iniciativa privada”, sugere Pessuti.
Acompanhe sabatina completa a seguir: