Ausência de vagas deixa crianças desabrigadas e expõe falhas nos serviços de acolhimento
Em reunião na sede da Secretaria Municipal de Assistência Social, realizada no último dia 22 de outubro, conselheiros tutelares relataram episódios de sobrecarga de trabalho e exigiram soluções efetivas da pasta. O descontentamento se intensificou depois que um dos conselheiros precisou passar a noite na sede do órgão com três menores que não tinham onde se abrigar.
A central de regulação de vagas, responsável por direcionar acolhimentos, informou que não havia disponibilidade para receber as crianças, uma de 10 anos e duas adolescentes de 12 e 14 anos. Sem alternativas, o conselheiro precisou manter os menores na sede do conselho durante a noite.
Atualmente, Londrina conta com 10 casas lares, cada uma com capacidade para até no máximo 10 crianças, totalizando 100 vagas preenchidas. No entanto, o aumento na demanda por acolhimento tem gerado episódios de superlotação.
No dia da reunião, a Secretária de Assistência Social, Jaqueline Micali, em entrevista para a TV Tarobá, explicou que a superlotação dos abrigos está relacionada não só ao aumento da demanda, mas também a diversos casos de de acolhimentos que, em sua visão, poderiam ser evitados.
Segundo Micali, muitos adolescentes de cidades vizinhas estão sendo encaminhados para Londrina, sobrecarregando o sistema local. Além disso, ela destacou casos em que os pais desejam abrir mão dos filhos por conflitos familiares ou questões momentâneas também têm aumentado
Principais dificuldades enfrentadas
Carla Cristina Gimenez, conselheira tutelar da zona Oeste de Londrina, apontou a falta de vagas como a maior dificuldade enfrentada pelos conselheiros, mas destaca que esse problema não é frequente. “A principal dificuldade é a falta de vagas. Não é comum, normalmente temos vagas. Este ano houve um número maior de acolhimentos em Londrina, o que ocasionou na falta de vagas imediata”, afirmou Carla.
Segundo a conselheira, as instituições de acolhimento buscam alternativas para receber as crianças, mas o processo acaba sendo mais demorado que o habitual.
Além da falta de vagas, Carla ressaltou que a situação exige improvisos que afetam tanto os menores quanto os conselheiros. “Essa dificuldade acaba fazendo com que o conselheiro fique mais tempo com a criança ou adolescente na sede do conselho ou mesmo no carro durante a noite. Lembrando que, nos plantões, fica apenas o Conselho Tutelar; não há outros serviços ou mesmo um espaço onde essas crianças pudessem aguardar em segurança. Isso coloca em risco tanto as crianças e adolescentes quanto o conselheiro ou conselheira que está sozinho durante o plantão”, explica.
Carla Cristina destaca que para enfrentar os desafios, é essencial ampliar as vagas disponíveis e reestruturar o sistema de acolhimento. “Acredito que o mais urgente é o aumento de vagas e uma reorganização da estrutura de acolhimento para encontrar uma maneira de avaliar em conjunto como serão os acolhimentos”, declarou a conselheira.
Ela defendeu ainda a necessidade de um diálogo contínuo entre as entidades responsáveis. “Acredito que a melhor opção para resolver é o diálogo entre os serviços, conselhos e a Secretaria de Assistência Social. Só assim chegaremos ao mesmo objetivo, que é proteger as crianças e adolescentes de Londrina”, pontuou.
Matéria pela estagiária Fernanda Soares sob supervisão.