Ato no centro da cidade buscou evidenciar o aumento da intolerância política no país
Ocupando as ruas do centro de Londrina, na manhã deste sábado (16), representantes do Comitê Unificado, Coletivo de Sindicatos de Londrina, partidos políticos progressistas e movimentos sociais realizaram ato intitulado: “Chega de ódio, somos pela paz”. A atividade visou chamar atenção para o aumento da violência política e contra minorias sociais no país.
O evento foi convocado em memória a Marcelo Arruda, guarda municipal e liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), assassinado no último fim de semana em Foz do Iguaçu. Também lembrou de outras vítimas da violência política no país como Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro, eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), assassinada em 2018, juntamente com seu motorista Anderson Gomes, quando cumpria agenda oficial.
Bruno Pereira e Dom Phillips, indigenista e jornalista, respectivamente, encontrados mortos na Amazônia, território onde denunciavam violações aos direitos dos povos originários também foram citados pelos manifestantes. Em entrevista ao Portal Verdade, organizadores do evento apontaram a importância do evento, acompanhe aqui.
Estudo do Observatório da Violência Política e Eleitoral (OVPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgado na semana anterior, indica um aumento de 30% nos registros de violência contra lideranças políticas em 2022. À CNN-Brasil, Felipe Barbosa, professor e coordenador do grupo de pesquisa, considerou como violência política: “qualquer tipo de agressão que tenha o objetivo de interferir na ação direta das lideranças políticas”, como atos para limitar atuação, silenciar, impor interesses e eliminar oponentes.
É importante pontuar que em meio a escalada de violência, segundo levantamento do Jornal Plural, a 5ª Região Militar (RM), formada pelos estados do Paraná e Santa Catarina, foi a que mais ganhou novos clubes de tiro desportivo nos três últimos anos. O registro de novas armas também cresceu e a maioria nas mãos de civis. De acordo com dados da Polícia Federal, no Paraná, em 2018, 380 novos registros foram emitidos mensalmente, já em 2021, a média mensal saltou para 902.
Deputados bolsonaristas da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) tentaram abordar o assassinato de Marcelo Arruda como um “crime comum” em sessão realizada na segunda-feira (11), o que casou revolta por parte da oposição. Confira algumas imagens do ato em Londrina:
Os participantes se reuniram às 9h em frente ao chafariz, localizado no início do calçadão de Londrina, onde confeccionaram cartazes com frases como “basta ao genocídio do povo negro”, “respeito aos direitos dos povos indígenas”, e cerca de uma hora depois saíram em caminhada silenciosa em direção a Concha Acústica.
No espaço, lideranças discursaram reivindicando mais diálogo e respeito entre todos e à democracia. Recordaram também do aumento do desemprego, pobreza e fome no país. Outro apontamento recorrente nas falas foi a necessidade de mobilização por parte de toda a população para cessar a violência e exigir que políticas públicas e direitos sejam garantidos.
No final do ato, balões brancos ostentados durante o cortejo foram soltos. A atividade contou com aproximadamente 50 pessoas e finalizou por volta das 11h30.