A economia prevista, de R$ 12 milhões nas contas de luz, corresponde a 35% das necessidades de energia dos hospitais
Nesta segunda-feira (31), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha cumpriu agendas no Paraná. Em Londrina, a liderança anunciou novos investimentos em usinas solares. A medida é resultante de parceria entre a Itaipu Binacional e Femipa (Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná) e prevê o investimento de quase R$ 82 milhões.
Através da ação, 80 hospitais filantrópicos do Paraná passam a utilizar energia solar para atender parte de suas necessidades de energia elétrica. A expectativa é que as instituições economizem cerca de R$ 12 milhões anuais na conta de luz, montante que poderá ser revertido em melhorias no atendimento à população, como na contratação de mais profissionais da saúde, compra de medicamentos e outros insumos.
“A redução da conta de energia vai permitir que os hospitais possam investir mais no atendimento à população. Para a Itaipu que tem compromisso socioambiental, este tipo de investimento é muito importante, pois garante o acesso à energia limpa, barata, melhorando a qualidade de vida da população, seja no atendimento à saúde ou na possibilidade de utilizar energia limpa”, aponta Enio Verri, presidente da Itaipu.
Verri, que renunciou ao mandato de deputado federal para assumir o comando da estatal, reforça que a economia será importante para manutenção de despesas básicas, pois apesar dos hospitais receberem recursos, a exemplo das emendas parlamentares, estas possuem restrições no destino da verba.
“Esses recursos são muito importantes porque, apesar de receberem emendas parlamentares, elas são carimbadas e não podem ser usadas para qualquer coisa, principalmente, para o custeio do dia a dia não podem ser utilizadas as emendas”, observa.
A parceria com a Femipa faz parte do programa Itaipu Mais que Energia, que desenvolve iniciativas socioambientais alinhadas com o governo federal, em todo o Paraná e em 35 municípios do Mato Grosso do Sul.
A Femipa conta com 92 instituições associadas em que, no mínimo, 60% das pessoas atendidas são pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Mas em grande parte delas a cota do SUS é bem maior, entre 70% e 100%. Atualmente, os hospitais filantrópicos respondem por mais de 50% de todo o atendimento do SUS no Paraná e mais de 70% da chamada alta complexidade, como traumas, cardiologia, oncologia e transplantes.
“A Itaipu Binacional fazendo uma ação muito importante e inovadora. Ao economizar energia, esse recurso amplia o atendimento e reduz o tempo de espera para assistência especializada”, avalia Padilha.
Pelo convênio entre Itaipu e Femipa, serão instalados 18 Megawatts (o que suficiente para abastecer uma cidade de 60 mil habitantes) de sistemas de geração fotovoltaica. Serão priorizados hospitais de baixa e média tensão. Entre as 80 instituições, 29 serão atendidas por painéis instalados em telhados ou coberturas de estacionamentos. Para estes, a previsão de início das obras é neste mês de abril.
Os demais serão atendidos por quatro usinas fotovoltaicas que começarão a ser construídas no próximo mês de junho.
O evento, que ocorreu no Teatro Marista, também contou com a participação de deputados estaduais e federais do PT (Partido dos Trabalhadores) e outras autoridades do município.

Foto: Elsa Caldeira/Portal Verdade
Santa Casa de Londrina é uma das beneficiadas
A Santa Casa de Londrina será uma das impactadas pela iniciativa. A instituição é um dos quatro hospitais filantrópicos que atendem a municípios da região de Londrina e que somam 2 milhões de habitantes (os outros três são Hospital Vida, Hoftalon Hospital de Olhos e Hospital do Câncer de Londrina).
Na Santa Casa, um complexo de dois hospitais, a conta mensal de luz é de R$ 350 mil e deverá ser reduzida em R$ 120 mil a partir da instalação dos painéis solares.
Charles London, presidente da Femipa, indica que a intenção é ampliar para outras unidades.
“Todos os hospitais que hoje não estão com aquisição em alguma forma alternativa de energia poderão ser beneficiados”, diz.
“Cumprimos uma meta ambiental, energia limpa, renovável, porque não se esgota, e o impacto no paciente é a possibilidade de outros investimentos no hospital para melhoria e a qualidade do entendimento”, evidencia.
Superando a tabela SUS
Também durante a passagem por Londrina, Padilha informou que o Ministério da Saúde em diálogo com a SESA (Secretaria Estadual de Saúde) planeja uma ação que visa “superar” a tabela SUS. A finalidade é diminuir o tempo de espera por atendimento dos paranaenses.
A tabela é a referência dos valores pagos pelo SUS para procedimentos médicos, hospitalares, exames e cirurgias.
“Estamos superando, enterrando a tabela SUS, o presidente Lula já deu reajuste na tabela SUS no ano passado, mas estamos encerrando de vez a tabela SUS porque ela fragmenta o atendimento, faz com que pague por cada atendimento. Faz um exame de sangue e paga, faz um raio-x e paga e às vezes a pessoa não chega ao final do atendimento, não tem o diagnóstico. Estamos superando esse mecanismo através das especialidades que são mais frequentes e tem maior tempo de espera”, adverte.
A expectativa é que 752 mil procedimentos, entre exames e cirurgias, sejam realizados ainda este ano no estado sob o novo modelo. Apenas em Londrina, são estimados 8 mil atendimentos.
“Tudo integrado, não precisa fazer exame em um lugar, tudo que é necessário será realizado no mesmo local, com prazo de até 30 dias se for um diagnóstico de câncer e até 60 dias para problemas cardiológicos, ginecológicos, reumatológicos”, assinala.

Passagens por Maringá e Ponta Grossa
Em Maringá, o ministro entregou 50 caminhões do convênio “Expansão das Unidades de Valorização de Recicláveis”. A distribuição de equipamentos de coleta seletiva de recicláveis a 50 municípios faz parte do Cispar (Consórcio Intermunicipal de Saneamento do Paraná). A estimativa é que 500 famílias de catadores sejam beneficiadas.
Ainda em Maringá, o chefe da pasta participou da reabertura da sala de vacinação e da câmara fria da Central de Distribuição de Imunobiológicos. O local foi fechado em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Já à noite, o compromisso foi em Ponta Grossa, com a assinatura do convênio entre a Itaipu Binacional e a Santa Casa de Misericórdia, visando a reforma da maternidade e a inauguração das obras do primeiro Centro de Reabilitação da região para atendimento das pessoas com deficiência.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.