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“Estrada do Limoeiro pede socorro”, dizem moradores após mais um acidente na região

Pedidos de melhorias por parte da população se arrastam há quase uma década

Na última terça-feira (9), moradores da região da estrada do Limoeiro, zona Leste de Londrina, promoveram um protesto reivindicando melhorias no trecho. O pedido da comunidade pela inclusão de placas e faixas de sinalização, acostamento, ciclovia já se arrasta há pelo menos oito anos, mas ganhou um novo coro após mais um acidente na região.

No domingo (7), uma mulher sofreu um grave acidente de moto. A condutora colidiu com um carro e teve fraturas expostas em diversas locais como braços e pernas. De acordo com moradores ouvidos pelo Portal Verdade, os acidentes na estrada têm sido frequentes, chegando a registrar vítimas fatais.

Edna Aparecida Dias da Mota, reside na região há nove anos. Ela conta que a estrada é “motivo de preocupação” para todos os moradores. “Essa estrada não possui acostamento, não possui iluminação, durante a noite é muito escura e existem valetas enormes nas laterais precisando ser tapadas urgentemente, porque já aconteceram vários acidentes”, diz.

Segundo os moradores, nos finais de semana, o trânsito fica mais intenso devido a procura pelos restaurantes e demais espaços de lazer. Com a presença de pousadas, pesqueiros, feiras, o local é bastante conhecido pelo turismo rural. Em janeiro deste ano, foi inaugurada, a “Parada do Limoeiro”, iniciativa de produtoras locais para ampliar a atratividade da região, que já é bastante frequentada por londrinenses e moradores de outras cidades.

“Inclusive, nos finais de semana, a estrada se torna mais perigosa ainda devido ao fluxo intenso de carros que vem para região em busca de lazer. É uma região que possibilita lazer para as pessoas, boa alimentação, mas a estrada, infelizmente, deixa a desejar”, acrescenta Edna.

Conforme informado pelo Portal Verdade, uma série de melhorias foram anunciadas na estrada visando, principalmente, aumentar a segurança. O ofício para as alterações foi emitido pelo mandato do deputado estadual, Goura (PDT).  A principal intenção é cobrar celeridade na realização das reformas, mas até o momento não há previsão para a efetivação das reformas (relembre aqui).

“A estrada do Limoeiro desde que foi construída permanece do mesmo jeito, com problemas só se agravando. É preciso que a Secretaria de Obras, Prefeitura, vereadores olhem para nós, moradores da região. Também existe um fluxo grande de ciclistas que vem para região, então, é necessária uma ciclovia, para que eles se locomovam com maior segurança, já aconteceu acidentes também com ciclistas. A gente precisa urgente de socorro, a estrada do Limoeiro pede socorro”, reforça a moradora.

Ato realizado por moradores da região solicitando melhorias na estrada em agosto de 2017
Foto: Associação Recanto Fazenda Nata/Reprodução Facebook

Apenas promessas

Carlos Roberto Scalassara, advogado, presidente da Associação Recanto Fazenda Nata, na região do Limoeiro, indica que os anúncios de melhorias são reiterados, mas até o momento nada foi feito.

“Vez por outra sai a notícia de que há recursos e que serão realizadas as obras necessárias. Ultimamente, passaram a noticiar que as obras seriam quanto aos dois primeiros quilômetros a partir da rotatória, mas até agora, nada de nada. Só que, se não bastasse isso, o problema principal não está nas proximidades da rotatória, mas sim lá embaixo, nas proximidades do Recanto Fazenda Nata, onde o trecho da estrada é mais estreito”, observa.

O Recanto é composto por aproximadamente 500 chácaras. As propriedades possuem finalidades diversas, além de locação, são espaços para produção agrícola e animal – Foto: Recanto Fazenda Nata/Reprodução Facebook

De acordo com a liderança, os poderes públicos já foram procurados diversas vezes e até uma parceria foi proposta pelos moradores para garantir que as reformas saíssem do papel, porém, o prefeito Marcelo Belinati (PP), informou que as obras seriam responsabilidade apenas do Executivo local.

“Por inúmeras vezes procuramos várias autoridades municipais, em vários órgãos da administração, inclusive o prefeito, e sempre, o que ouvimos, foram promessas e promessas, sem ações realmente efetivas”, complementa.

Scalassara evidencia que no trecho com duas pistas, entre a rotatória do Contorno Leste e o Limoeiro, além de as pistas de rolagens serem muito estreitas, falta acostamento e iluminação.

Ainda, segundo ele, no trecho a partir do Limoeiro, sentido Recanto Fazenda Nata, Itaúna e demais comunidades do Vale do Tibagi, além de ter apenas uma pista de rolagem, obrigando os motoristas a manterem apenas um lado do carro na pista quando cruza com outros, o acostamento quando existente, é muito estreito e cheio de buracos, alguns, por sinal, muito grandes.

O advogado salienta que os prejuízos para a população são inúmeros. “São vários os impactos dessa situação no dia a dia das pessoas que se locomovem para aquela região. Dois dos principais, por afetar a generalidade das pessoas, têm sido o risco de acidente e o medo, o que, por decorrência, também impacta a curto, médio e longo prazos as atividades locais de turismo, em prejuízo do enorme potencial da região. E, além desses dois impactos, que são de caráter mais subjetivos, há os danos a vidas, que são irrecuperáveis; as sequelas de acidentes, que podem ser incuráveis; e os prejuízos materiais”, afirma.

Falta vontade

Para Divino Lourenço, morador na região há 23 anos, falta vontade dos poderes públicos para realizar as reformas. “É muito simples fazer um acostamento, muito barato, falta vontade da parte do poder público, é só vir com algumas máquinas, uma niveladora, uma retroescavadeira, tirar os barrancos de espaços que são da Prefeitura, isso é emergencial”, avalia.

Ele destaca o potencial da região que, inclusive, emprega significativa mão de obra e gera renda para o município. “O prefeito vive falando de gerar emprego, mas cadê a ajuda da parte da Prefeitura, do poder público? Querem fazer expansão urbana, colocar IPTU [Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana], tudo bem, desde que seja voltado para benefício da população. Agora, quer cobrar IPTU, mas não quer fazer o que se deve. Saneamento já não tem, nenhum tipo, não tem asfalto”, adverte.

“Está aumentando o fluxo de pessoas a cada dia no Limoeiro, tanto de moradores como de turistas, pessoas que vem visitar. O ônibus quando entra na Fazenda Nata é um desespero para recolher as pessoas, os trabalhadores”, complementa.

Moradores reclamam de falta de sinalização, acostamento e indicam aumento de acidentes na região
Foto: Associação Recanto Fazenda Nata/Reprodução Facebook

De acordo com o comerciante, os próprios moradores têm se reunido para realizar reformas que possibilitem a permanência no local com o mínimo de segurança, mas é necessária a intervenção da Prefeitura. “Estamos fazendo por nossa conta, vaquinha com os moradores. Cada chacareiro ajudando a pagar, fazendo promoção de feijoada, pizza, porém, a gente precisava de uma ajuda da Prefeitura, de olhar para nós, a situação está grave. Sei que o prefeito tem bastante coisa para fazer, sei que ele está trabalhando, mas tem que distribuir melhor os serviços, olhar para nossa estrada, está morrendo gente”, desabafa.

“Não dá para fazer o alargamento perfeito, faz o que dá, e algo dá para ser feito, basta um pouco de vontade, porque isso está registrado como rodovia, e o município tem que cuidar. A gente está aqui, geramos trabalho, precisamos de ajuda”, assinala Divino.

“Numa estrada, que é um verdadeiro carreador, precisamos que os motoristas, ciclistas e pedestres saibam pelo menos como trafegar com segurança”, pontua Scalassara.

A estrada do Limoeiro, que tem cerca de 14 km, saindo da região leste da cidade até as imediações do Rio Tibagi. Em 2021, a Prefeitura de Londrina anunciou a criação de uma comissão para acompanhar as reclamações dos moradores.

Conhecida oficialmente como Estrada Major Achiles Pimpão, a via de pista simples foi construída pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) há mais de 30 anos, na década de 1990.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Obras solicitando um posicionamento da pasta sobre as queixas dos moradores e aguarda retorno.

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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.
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Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.

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