Votação para escolha de novos representantes ocorre entre os dias 24 e 25 de fevereiro
Fortalecimento junto à base. Esta é uma das principais conquistas para a diretoria do Sindiprol/Aduel cujo mandato encerra neste ano, segundo os professores César Bessa e Lorena Ferreira Portes, presidente e vice-presidenta, respectivamente.
Portes, que é professora do Departamento de Serviço Social, conta que compõe a direção do grupo, que representa os docentes da UEL (Universidade Estadual de Londrina) desde 2017, o que classifica como um “processo de largo e desafiador aprendizado”.
“Em todo esse período venho reconhecendo o quão legítimo o Sindiprol/Aduel é perante a base que representa e o destaque de seu papel político-sindical no quadro do sindicalismo, seja nas universidades ou no campo mais geral do funcionalismo público do estado do Paraná”, diz ao Portal Verdade.
Para Bessa, que é professor do curso de Direito, a confiança na entidade pode ser observada não apenas durante as assembleias, também em outros momentos como em reuniões de departamento. “Essa manutenção da confiança dos docentes no Sindicato, eu acho que é um dos avanços mais importantes que a gente preservou e que já vem de outras gestões anteriores”, avalia.
Além disso, ele pontua como um feito da gestão, o maior engajamento do Sindiprol/Aduel junto ao CSD (Comando Sindical Docente), grupo que reúne professores vinculados a sete universidades estaduais do Paraná, também ao FES (Fórum das Entidades Sindicais do Paraná) e ao Coletivo de Sindicatos de Londrina e Região.
“Vejo também politicamente um fortalecimento do Sindiprol/Aduel juntamente aos três setores que a gente mantém uma luta, o Comando Sindical Docente que reúne todos os sindicatos das universidades estaduais do Paraná e o FES que agrega todos os tipos de servidores. Também no Coletivo de Sindicatos de Londrina, que reúne servidores do setor público e privado, no qual o Sindiprol/Aduel mantém uma atuação. Tivemos várias incursões, inclusive, com a preparação de debates com os candidatos à Prefeitura de Londrina”, assinala.
O aprofundamento da articulação do Sindicato com outras categorias do funcionalismo público paranaense também é levantada pela vice-presidenta.
“Do conjunto de conquistas que historicamente o Sindiprol/Aduel protagonizou, destaco sua disposição em articular as lutas sindicais de todo o funcionalismo público do estado, buscando construir uma unidade – mesmo que com muitas dificuldades – com diferentes entidades sindicais e, de forma mais próxima e contundente, com as seções sindicais paranaenses do Andes-SN [Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior] via Comando Sindical Docente”, acrescenta.
O Sindiprol/Aduel é resultado da unificação da ADUEL e do SINDIPROL que se fundiram em 2009. Em sua origem, esteve a Associação dos Docentes da UEL, cuja história se inicia no Hospital Universitário onde foi constituída a ADHUEL para enfrentar o arbítrio da administração vinculada à ditadura militar que reprimia e perseguia os docentes não alinhados com a Reitoria. Posteriormente a ADHUEL se transformou na ADUEL, passando a representar o conjunto dos docentes da UEL.
O Sindiprol também se constitui na década de 1980. Inicialmente representava os docentes da UEL, das instituições privadas e os das então denominadas faculdade isoladas – que posteriormente iriam constituir a UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná) e a UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná).
A atual diretoria está à frente do Sindiprol/Aduel desde 2023 (confira composição completa aqui).

Reajuste inflacionário e mudança no plano de carreiras
Bessa compartilha outras duas conquistas importantes mediadas pela gestão: a campanha salarial de 2023, que resultou em recomposição salarial de 5,79% e a alteração no PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários).
“Em 2023, tivemos a recomposição salarial do ano, de 5,79%, a gente conseguiu manter o movimento até dezembro, a nossa data-base é maio, e conseguimos uma alteração no plano de carreira, o que beneficiou em 14% o salário dos docentes, em média. O que dá em torno de 20% de recomposição naquele ano, superior a inflação, mas ainda aquém da diferença salarial que já perdurava porque nós estávamos há sete anos consecutivos sem recomposição salarial, totalizando mais de 40% de defasagem”, lembra.
Em 2023, professores da sete universidades estaduais do Paraná deflagraram greve em prol do pagamento da data-base, reformulação do plano de cargos e salários e contra o desmonte do ensino público no estado. A UEL foi a primeira a anunciar a suspensão das aulas. A paralisação durou aproximadamente 40 dias.
“Todo esse movimento, eu acho que foi de uma grande sensibilidade porque a gente conseguiu captar qual é o momento certo de entrar em greve, qual é o momento certo de sair da greve. O resultado foi de que, de fato, nós tivemos, a recomposição inflacionária, mas a gente teve depois cerca de 14% com alteração do plano. Foi muito delicado e a gente soube trabalhar muito bem nesse sentido junto à categoria, que esteve muito atenta e consciente”, recorda.
Desafios
Para Bessa, um dos maiores desafios enfrentados nestes dois anos foi mobilizar os docentes para a participação na luta por melhores salários e condições de trabalho, principalmente, de maneira integrada com as demais instituições estaduais de ensino superior.
“Acredito que temos um engajamento relativo na UEL, mas o problema é que uma mobilização isolada em Londrina corre o risco de enfraquecer mais ainda a luta dos docentes do estado do Paraná. Somos em sete universidades estaduais no Paraná e os demais sindicatos estão ainda mais enfraquecidos do que nós no engajamento dos docentes universitários na luta sindical. Então, a luta é por manter uma união, equilíbrio de todos os sindicatos de todos os docentes do estado Paraná”, aponta.
Portes também compreende que é necessário estreitar ainda mais o diálogo com o movimento estudantil e com as entidades que representam os servidores técnico-administrativos.
“Um desafio constante tem sido fortalecer a unidade das lutas sindicais e políticas diante de uma conjuntura tão adversa para as reivindicações e enfrentamentos em defesa da universidade, dos seus trabalhadores e trabalhadoras e, também, dos estudantes. O fomento para uma forte participação dos docentes nas atividades propostas pelo Sindiprol/Aduel – seja pela ação individual da seção sindical, seja por ações acordadas pelas demais instâncias sindicais que se articula – é um desafio que precisa ser considerado diuturnamente, compondo a agenda de pautas do Sindiprol/Aduel”, observa.

“Um governo que não cumpre a lei”
Outra dificuldade, compartilham os docentes, é a intransigência do governo Ratinho Júnior (PSD). Conforme informado pelo Portal Verdade, durante todo ano de 2024, o mandatário do Palácio do Iguaçu se recusou a negociar o pagamento da data-base daquele ano bem como da defasagem enfrentada por todo o funcionalismo estadual, que em abril, atinge 47%.
“A campanha salarial de 2024 não houve resultado nenhum, nós não tivemos nem a recomposição inflacionária, apesar de termos ido para Curitiba, conversado com deputados, tentado conversar com o poder Executivo, mas o governo não cumpriu com seu dever legal”, salienta Bessa.
Para os professores, a precarização também tem levado a baixa atratividade da carreira docente, além de comprometer a efetividade do tripé ensino-pesquisa-extensão, que deve ser desempenhado pelas universidades.
“Estamos vindo de uma longa trajetória de defasagem salarial. Sem pagar integralmente a data-base, os últimos governos provocaram uma situação de perda de massa salarial e de redução intensa do poder de compra, favorecendo a desvalorização da carreira docente nas universidades”, reflete Portes.
“Nós temos um governo que não cumpre a lei, não trava o diálogo com os docentes e tem preparado artimanhas orçamentárias exatamente para que não haja recomposição salarial e tem feito também uma política privatista cada vez mais, isso impacta no ensino público, a prova disso é a ausência de concursos públicos para docentes e com isso há o enfraquecimento das universidades públicas. É destruir por dentro a força da pesquisa, extensão das universidades, que estão com uma autonomia extremamente fragilizada”, adverte Bessa.
“Tanto é verdade, que as administrações locais também não fazem nenhum enfrentamento com o governo do estado até porque ficam com receio de ter ainda mais prejuízo se fizer este enfrentamento. Não estou fazendo juízo de valor sobre a questão do enfrentamento ou não, mas a autonomia das universidades está enfraquecida face a um governo que é despótico em relação às universidades do estado do Paraná”, ele complementa.

Próxima gestão
Face a este cenário, para as lideranças, uma das principais defesas do Sindicato que deve seguir na agenda da próxima gestão, é a defesa da educação superior pública no estado. Entre as estratégias, permanece a reinvindicação por novos concursos públicos.
“Outra marca de luta do Sindiprol/Aduel tem sido a defesa intransigente da autonomia universitária, denunciando os ataques dos desgovernos neoliberais que lançam, desmedida e subitamente, medidas e ações que precarizam a universidade e seu desenvolvimento, bem como intensificam a precarização das condições de trabalho dos docentes”, pondera Portes.
“A questão dos principais desafios que a gente acredita para a próxima gestão, eu acredito que são em três aspectos, uma de que haja concurso público nas universidades, a luta pela recomposição salarial e o fortalecimento da autonomia universitária. Essa luta continua”, assinala Bessa.
Questionado pelo Portal Verdade, sobre a mensagem que deseja deixar para os docentes e a próxima gestão, Bessa é imperativo em dizer: “Não desistir, resistir sempre, pois a luta vai ser difícil, mas a gente vai vencer, a gente tem que ser confiante, porque essa luta não é uma luta só local, ela é uma luta regional, estadual, nacional e internacional. A gente tem que continuar lutando para melhorar o mundo e a educação é o melhor caminho”.
“A reivindicação por reposição salarial e melhores condições de trabalho continuará sendo a tônica das lutas político-sindicais. Assim como a luta contra a Lei Geral das Universidades, que coroa o quadro de desvalorização, de sucateamento e intensificação da precarização da universidade e das condições de trabalho dos docentes”, reforça Portes.

Foto: Sindiprol/Aduel
Eleição
Desde o último dia 30 de janeiro, o Sindiprol/Aduel está em campanha para a definição da nova diretoria. A gestão deve ficar à frente do Sindicato no período de 2025 a 2027.
A votação acontece de maneira presencial e remota, entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Concorre a chapa única “Mobilizar e Intensificar a Luta” (saiba mais aqui).
Para Bessa, o fato de não haver outras candidaturas reafirma o apoio da categoria ao trabalho desenvolvido pelo Sindicato.
“Vem sendo assim, salvo engano, em toda história do Sindiprol/Aduel não teve disputa de chapa, isso demonstra que as realizações e práticas do Sindicato encontram sintonia com a categoria”, finaliza.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.