Entre os anos de 2012 e 2022, foram registradas 2.329 mortes de trabalhadores durante exercício de suas funções no estado
Desmonte dos serviços, falta de informações, recursos insuficientes e profissionais sobrecarregados. Esta é a avaliação da Comissão da Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, vinculada ao Conselho Municipal de Saúde, em Londrina, sobre o atual cenário das políticas públicas destinadas à área.
Em entrevista ao Portal Verdade, Sônia Oliveira da Silva, coordenadora da Comissão, pontua que as principais finalidades do coletivo são analisar o contexto das políticas voltadas à saúde do trabalhador, apresentar demandas específicas ao Conselho, cobrar o estabelecimento de ações que promovam a saúde do trabalhador, além de acompanhar os serviços e propor melhorias.
“Acreditamos que os serviços estão desarticulados e desestruturados, e precisam de atenção e investimento por parte da gestão, em todos os níveis. Por exemplo, déficit na coleta e disponibilidade de dados detalhados das diversas condições que afetam a saúde do trabalhador”, diz.
Conforme informado pelo Portal Verdade, em 2023, o governo federal destinou R$ 3,5 milhões ao Paraná. Do montante apenas R$ 244 mil foram investidos em ações voltadas à saúde do trabalhador. Isto quer dizer que, a SESA (Secretaria Estadual de Saúde) deixou de investir cerca de R$ 3 milhões na prevenção e cuidado com a saúde do trabalhador paranaense.
“Deficiência de profissionais para desenvolver as ações de promoção e assistência aos trabalhadores, como no Núcleo de Atenção à Saúde e Segurança no Trabalho. Recentemente o Conselho Municipal de Saúde emitiu uma resolução cobrando a recomposição deste serviço com urgência”, ela complementa.
O grupo promoveu a primeira reunião de trabalho deste ano no último dia 23 de janeiro. O encontro marcou o planejamento de lutas para 2025, ano em que a Comissão, criada em 1994, completa 21 anos.
Além da coordenação, a frente é composta pelos segmentos de usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviços.
Há uma diversidade de entidades representadas na Comissão como ASSEMPA (Associação de Entidades de Mulheres do Paraná), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Sindserv Londrina (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais), SindPRevs/PR (Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Saúde, Trabalho, Previdência, Social e Ação Social do Estado do Paraná), Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, entre outras.
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Silva também compartilha que entre as principais demandas deste ano estão acompanhar a elaboração de propostas e participar da Conferência Municipal de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora, com vista às etapas Estadual e Nacional que acontecerão em abril e agosto, respectivamente. Ainda, é tarefa do grupo sensibilizar a nova gestão municipal, liderada por Tiago Amaral (PSD), para a importância da saúde do trabalhador de modo que a equipe venha apresentar proposições para a área.
“As ações de saúde do trabalhador do município de Londrina já foram referência nacional nesta área, e é necessário juntarmos força para retomar a qualidade destas ações”, finaliza.
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Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.