A Fetec-CUT /PR (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná) promoveu recentemente um Mini Curso de saúde em Londrina, com o objetivo de discutir e encontrar formas de interpretar o problema do adoecimento generalizado na categoria bancária. O curso destacou a importância de uma compreensão coletiva e social das causas do adoecimento, em vez de uma interpretação individual.
Este curso teve como palestrantes o psicólogo, mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e assessor da FETRAFI-RS (Federação dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul) e dos Sindicatos de Florianópolis e de Porto Alegre, André Guerra, e da assistente social e mestre em Assistência Social pela PUC RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), e assessora da FETRAFI-RS e dos Sindicatos de Florianópolis e de Porto Alegre, Jaceia Netz.
Durante o curso foi enfatizado que a saúde do trabalhador é uma pauta eminentemente política que pode revitalizar a atuação sindical. A atuação sindical deve buscar compreender e enfrentar as causas do adoecimento de forma coletiva e social, promovendo a saúde dos trabalhadores através da transformação das condições de trabalho e da construção de uma nova realidade social.
Um dos principais pontos abordados foi o conceito de assédio moral organizacional, definido como a violência institucionalizada aplicada pela estrutura organizacional das empresas, que utiliza estratégias de gestão por injúria, estresse e medo. No curso, o assédio moral organizacional foi tratado como um problema que deve ser enfrentado coletivamente, buscando transformar as práticas organizacionais que promovem a violência e o adoecimento dos trabalhadores.
Outro ponto de destaque foi a importância da interdisciplinaridade e da intersetorialidade na promoção da saúde do trabalhador. A saúde deve ser entendida como uma pauta transversal, que envolve todos os aspectos da sociedade, incluindo a economia, segurança, direito e cultura. A compreensão da saúde como uma pauta política e crítica é essencial para revitalizar a atuação sindical no século 21.
O curso também abordou a necessidade de uma atuação sindical que vá além da identificação dos problemas, buscando formas de interpretar e enfrentar as causas do adoecimento de forma coletiva e sob uma perspectiva psicossocial. A transformação das condições de trabalho e a construção de uma nova realidade social são fundamentais para promover a saúde dos trabalhadores e fortalecer a atuação sindical.
A Fetec-CUT /PR continua comprometida com a promoção da saúde dos trabalhadores e a revitalização da atuação sindical, buscando sempre novas formas de enfrentar os desafios do século 21.
Para a secretária de Saúde do Sindicato de Londrina, Eunice Miyamoto, este curso foi muito importante para atualizar os conhecimentos dos dirigentes sindicais presentes diante das diversas mudanças que estão o correndo no mundo do trabalho. “O adoecimento é um grave problema sofrido pela categoria bancária, por isso é constante nossa luta por avanços nesta área, buscando negociar com os bancos a definição das metas e estabelecer que essas metas sejam avaliadas coletivamente”, explica Eunice.
O secretário de Formação do Sindicato de Londrina, Laurito Porto de Lira Filho, vai além e avalia que o movimento sindical tem que estabelecer uma pauta conjunta para enfrentar os desafios relacionados à saúde. “A exploração do trabalhador e da trabalhadora é uma essência nociva do capitalismo, que a todo momento vem se reinventando para ampliar os lucros sem se preocupar com as consequências disso. Isso passa pela redução da jornada de trabalho, como fim da escala 6 x 1, vigente para a maioria das categorias profissionais do país”, aponta.
Laurito também defende a aplicação, de fato, das mudanças na NR-1 (Norma Regulamentadora nº1), do Ministério do Trabalho e Emprego, que já estão em vigor. “Com a nova NR-1, empresas são obrigadas a adotar medidas de prevenção à saúde mental aos seus trabalhadores. Dessa forma, o Ministério do Trabalho poderá fiscalizar se há sobrecarga de trabalho, pressões constantes e outros agentes desencadeadores do adoecimento ocupacional”.
Fonte: Sindicato dos Bancários de Londrina e Região