Disputa com a Mancha Verde se deu até a última nota; Estrela do 3º Milênio e Unidos de Vila Maria foram as rebaixadas
A Mocidade Alegre, escola de samba do bairro do Limão, na zona norte da capital paulista, venceu nesta terça-feira (21), após 9 anos e uma apuração emocionante, o grupo especial do Carnaval 2023 de São Paulo. A vice-campeã Mancha Verde, vencedora de 2022, disputou o título até a quarta nota do último quesito.
Ao chegar no quarto jurado do quesito fantasia, o último, a Mocidade Alegre se encontrava na liderança isolada com 250 pontos, contra 249,9 de Mancha Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Dragões das Real e Império de Casa Verde. A Mancha, que liderava até o quesito anterior – Mestre-sala e Porta-Bandeira –, acabou perdendo dois décimos e ficou longe do título. Mas àquela altura ainda tinha chances, ao lado da Império de Casa Verde, de tomar o título da Mocidade por conta dos critérios de desempate. À Mocidade bastava um 10; já para a Mancha e a Império, além do 10 também precisavam que as adversárias perdessem pontos.
Na última nota, a Mancha tirou 10. Em seguida, a Império tirou 9,9 e ficou sem chances de título. Uma perda de pontos da Mocidade Alegre poderia, naquele momento, dar o título à escola de samba vinculada à maior torcida organizada do Palmeiras, mas a Morada do Samba, como é conhecida a Mocidade Alegre, garantiu o seu 10 e correu para o abraço.
Samurai africano
O Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Alegre já venceu o carnaval paulistano por 11 vezes. Nas três primeiras ocasiões, em 1971, 1972 e 1973, um tricampeonato logo após a primeira subida ao grupo especial, em 1970. Depois disso venceu novamente em 1980, 2004, 2007, 2009, 2012, 2013, 2014 e 2023.
Agora a Mocidade Alegre está empatada com a Nenê de Vila Matilde, também portadora de 11 títulos, em segundo lugar no ranking histórico do carnaval de São Paulo. A maior vencedora é a Vai-Vai, com 15 títulos, que neste ano venceu o grupo especial e a partir de 2024 estará de volta ao grupo especial.
O enredo da escola versou sobre Yasuke, o samurai africano que serviu o damiô japonês Oda Nobunaga [espécie de monarca] durante o período Sengoku. Ele chegou ao Japão em 1579, quando era um homem escravizado a serviço do missionário jesuíta italiano Alessandro Valignano para, três anos depois, presenciar o harakiri (suicídio forçado) de Nobunaga – o que quer dizer que tornou-se uma figura importante entre os japoneses. O enredo buscou tocar o jovem negro de São Paulo com valores como luta, garra e inteligência – que marcam a história do personagem – no empenho de superar as duras dificuldades da vida.
“O Yasuke apareceu para mim como uma possibilidade há mais ou menos dois anos, apresentado pelo Ricardo, meu assistente na época. Ele me apresentou o personagem, que eu não conhecia. Imediatamente, quando ele me mostrou, eu falei que achava ser um tema com potencial enorme para o Carnaval. Comecei a me debruçar sobre o assunto, buscar referências e bibliografia. Achei muito conteúdo na internet, muito material. Existem vários vídeos que falam sobre a história dele. Embora ele seja desconhecido no Ocidente, no Oriente é cultuado como um herói, então existe muito material”, contou o carnavalesco Jorge Silveira ao Portal Carnavalesco.
Rebaixamento
Estrela do 3º Milênio e Unidos de Vila Maria foram rebaixadas com 269,1 pontos cada. A Rosas de Ouro se salvou por apenas um décimo. Do grupo de acesso subiu, além da Vai Vai, uma outra escola de samba tradicional: a X9-Paulistana.
Fonte: Brasil de Fato